Quando a Loucura

Quando a Loucura
Se sentar contigo à mesa de um bar,
Quem é que vai pagar a conta?
Traçado, rabo de galo,
Conhaque, cerveja
Ou água com gás
A abstêmia Loucura tomará?
E tu,
Com tremoço, amendoim
Ou ovos de codorna
Erguerás tuas fortificações?
A quem
O mercador de botões de rosa,
O bucaneiro dos CDs piratas,
O hare krishna do incenso,
O pedinte de esmola
Se dirigirão?
A quem o garçon exibirá a dolorosa
E, pastor neopentecostal da boemia,
Cobrará seu dízimo?

Quando a Loucura,
Exímia gladiadora grego-grace-romana,
Subir ao ringue contigo
E te botares abaixo,
Fuças e beiços à lona,
Imobilizar-te
E agarrar os teus culhões feito vagina dentata,
Quem te valerá,
Quem jogará a toalha branca em tua intenção,
Que árbitro interromperá a luta
Em prol da tua integridade física,
Que juiz terá a coragem de privar a plateia
Dos teus ossos, cartilagens e dentes moídos?
Que imperador te agraciará com o polegar voltado para cima
Ou deixará teu resto para os leões,
Os garis do Coliseu?
Quantos os bookmakers lucrarão?
Oito para dois?
Dez para um?
Qual a tua cotação na bolsa de apostas?
És da luta
O campeão favorito
Ou o desafiante Azarão?

Quando a Loucura
Enjoar do teu sangue,
Cansar de pedir que abaixes a tampa da privada,
Que não largues toalha molhada sobre a cama,
Declarar-te doador incompatível
E também deixar de ser o molho pardo
E o mênstruo 
Da tua pena,
Quando a Loucura te esquecer,
Não mais te ligar,
Não mais te mandar e-mails
Nem fotos de seus belos peitos,
Em que manicômio te internarás?

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2 Comentários

  1. Amo e admiro seus textos, não para de escrever nunca, você tem um talento gigantesco nos dedos.
    P.s: sou uma aluna sua.

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    1. poxa, obrigado...
      pode me dizer quem você é? prometo não publicar o comentário.

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