Uma das expressões mais inspiradas que conheço, diria até das mais geniais, é "gozar com o pau do outro". Que significa comemorar uma conquista de outrem ao invés de buscar a sua própria, vibrar de emoção pelo sucesso alheio e permanecer o mesmo merda de sempre.
Um caso clássico, por exemplo, é o de torcedores que dizem "fomos campeões brasileiros, do mundo etc", fomos quem, cara pálida? O clube foi campeão, os jogadores foram campeões, as contas bancárias deles estão a vazar dólares e euros pelo ladrão, não a do torcedor desdentado, mas ele vibra, exulta, goza. Goza com o pau do outro.
Puxa-sacos também se enquadram nessa categoria. É o empregado que "veste" a camisa da empresa. A "minha" empresa é líder de vendas, a "minha" empresa foi a que mais cresceu no trimestre, a "minha" empresa... Até o dia da fatal, e merecida, demissão, do pé na bunda.
Já presenciei uma vez, na fila de um supermercado, uma discussão entre dois estagiários, que se digladiavam na tentativa de provar um ao outro que o carro de seus respectivos patrões era o melhor, o mais sofisticado, o mais computadorizado, o mais puta que o pariu!!! Os patrões, nas casas deles, deviam estar com as cuecas meladas, sem nem saberem o porquê.
Não sei quem criou a espirituosa expressão, ouvi-a pela primeira da boca do grande Lobão em uma entrevista ao Jô Soares. De lá para cá, por inúmeras vezes, tive o desprazer de comprovar na prática a sua veracidade, e ir diminuindo ainda mais meu apreço pelo ser humano.
Agora, um corredor italiano, Devis Licciardi, 27 anos, valeu-se da expressão de forma quase que literal, com uma pequena modificação, uma ligeira adaptação aos seus propósitos : Licciardi tentou mijar com o pau do outro!
Selecionado para passar pelo exame antidoping, o atleta pediu para ficar sozinho no momento de urinar, mas o médico
presente no local disse não poder atendê-lo em seu pedido por causa das
normas do controle antidoping.
Quando tirou o pau para fora, o médico percebeu que ele estava a usar um caralho falso, um pinto artificial, em cujo saco escrotal havia armazenada urina "limpa" de outra pessoa. Uma vez pressionado o saco falso, a urina sairia e iria para o potinho de coleta.
Pego com a boca na butija, Licciardi admitiu que tentou enganar os médicos, mas negou estar dopado. E não revelou o motivo pelo qual tentou engambelar os médicos.
"Tive problemas, mas não sou louco. Tenho vergonha, não nego, mas não
tenho a consciência pesada. É um aspecto que... Por ora é melhor eu não
responder", afirmou Licciardi, que falou ainda em "problemas", mas não
entrou em detalhes.
Licciardi usou um aparelho chamado Whizzinator, que é anunciado na internet como um dispositivo discreto de urina sintética e que pode ser adquirido por qualquer pessoa pelo preço de 87 liras.
A urina também faz parte do kit, ela vem desidratada, bastando apenas adicionar água e aquecer para se obter um mijo limpinho.
O produto é etnicamente sensível, diz ainda o site de vendas, é oferecido em uma gama de tonalidades para atender aos safados de todas as raças : cacetes brancos, negros e hispânicos fazem parte do vasto catálogo.
Que "problemas" o atleta teria tido no cacete a ponto de sentir vergonha de mostrá-lo a um médico?
Das duas, uma. Ou o cara estava mesmo muito do dopadão, ou tem pinto pequeno, uma benguinha ridícula, uma bracholinha de fazer dó.
Se o cara fosse possuidor de uma verga de respeito, daquelas que fazem até égua olhar pra trás, ele não teria sentido a menor vergonha em mostrá-la para o médico; aliás, o médico não precisaria nem pedir, o cara já chegaria com o tarugo batendo na mesa.
Tem cara de quê? De dopado ou de minibenga?
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