O Bardo Edvaldo Santana

Quem não conhece Edvaldo Santana, está perdendo tempo, e há muito tempo. O cantor e compositor paulista já contabiliza com 35 anos de carreira independente e lançou em 2011 o seu sétimo trabalho solo, Jataí; na minha opinião, o mais belo de seus álbuns.
Não entendo nada de música, estas coisas de harmonia, melodia, arranjos etc, sou absolutamente analfabeto em teoria musical. Mas quem entende, conta que Edvaldo Santana tem do bluesman do Mississipi e do cordelista do sertão, tem de rock e de candomblé, tem de Gonzagão e Jimi Hendrix, e por aí vai. O que sei é que muito me agrada a sonoridade de suas canções.
Contudo, foram suas letras que mais me chamaram a atenção quando travei contato com sua obra, através do programa Bem Brasil, TV Cultura, apresentado pelo também ótimo Wandi Doratiotto.
Engana-se quem pensa que são simplesmente letras para vestir sua música. O que Edvaldo Santana escreve é poesia da pura! Poesia disfarçada de letra de música popular. Poesia tão genuína que, muitas vezes, nem a percebemos como tal, e essa é a verdadeira poesia, aquela que não se anuncia, aquela que se faz apenas sentir.
Não à toa, Edvaldo Santana é camarada de Tom Zé e Arnaldo Antunes, já compôs com Luiz Melodia, Sérgio Sampaio e Paulo Leminsky. Jataí é trabalho individual, sem parcerias ilustres, e não fica nada a dever aos anteriores; pelo contrário, os supera em diversos momentos.
Jataí é um disco muito mais para ser lido do que para ser ouvido. É disco para escutar quando estamos sozinhos, depois de todas as obrigações cumpridas, filho e gatos tratados, com a casa já posta a dormir.
Como prometido em postagem anterior, posto agora a letra de Aí, Joe, composta por Edvaldo em memória a um grande amigo falecido.
Quem se interessar pelo álbum Jataí, ele está disponível para download no próprio site oficial do cantor e compositor, http://www.edvaldosantana.com.br/index.html
Outros álbuns podem ser baixados no excelente Um Que Tenha

Aí, Joe
(Edvaldo Santana)
Foi chegando como se não
Quisesse nada, meu bom
Foi deixando o papo rolar, no vapor
Se instalou no fundo da casa
Na cadeira sentou
Bebeu todo whisky da mesa e sonhou
Bebeu todo whisky da mesa e sonhou...
Tava lá Baudelaire
Muita gente de pé
Tinha até irlandês no Bloomsday com colar de pajé
Levantou a poeira do solo sagrado
Pegou sua voz e voou
Foi pra vila cantar Jorge Amado
Oxalá e Nonô
Levantou a poeira do solo sagrado
Pegou sua voz e voou
Foi pra vila cantar Jorge Amado
Oxalá e Nonô
Aí, Joe
Onde é que você anda?
Da última vez que eu te vi
Nós fechamos o bar
Aí, Joe,
Naquela noite sem fim
´Cê queria falar.

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