Mimetismos (23)

Zoofilia é perversão já ultrapassada e cafona. Démodé. O moleque que passa a vara na galinha, na cadela ou na cabritinha e a madame que vive com o seu doberman, dogue alemão ou rottweiler sempre a reboque, engatado na xereca, ou que se lambuza na porra de um cavalo, não impressionam nem escandalizam mais ninguém.
A tendência entre os depravados agora é a fitofilia, o tesão em vegetais, especificamente no fruto, mais especificamente ainda na masturbação do fruto. E não é usar um fruto pra se masturbar, não. É masturbar o fruto. Tocar uma siririca para um figo, um morango, um melão, um limão siciliano, um pêssego etc.
A guru espiritual desse novo fetiche é a "artista" Stephanie Sarley. Ela diz que seu trabalho - que foi temporariamente censurado pelo instagram, plataforma onde ela o exibe - tem como objetivo discutir o tabu em torno da masturbação feminina e guiar a mulher na trilha do próprio prazer, ou seja, ensinar a mulherada a siriricar.
Porra nenhuma! Desculpa de tarado! Puro pretexto para dar vazão à sua pulsão sexual esdrúxula e ainda passar por intelectual, por "cabeça", por artista de vanguarda e engajada nas questões femininas.
Ninguém precisa ensinar ninguém a se masturbar. É instintivo. Na hora em que os hormônios borbulham e em que a coisa - tanto faz se o pau ou a xereca - começa a coçar, a pessoa leva a mão até lá. Aí, se o que ela encontrar for o suficiente para encher a mão, é um pinto, e o moleque toca uma bronha; se o que ela encontrar puder ser acomodado entre o polegar e o indicador, é um grelo (ou um japonês), e a moça dedilha uma siririca, toca uma campainha.
Se bem que a tara de Stephanie Sarley tem lá seus fundamentos. O fruto nada mais é que o ovário da planta, que se desenvolve, se espessa, ganha sumo e substância depois que seus óvulos são fecundados pelos grãos de pólen, para bem acolher e acomodar os embriõenzinhos contidos nas sementes, da mesma maneira que o endométrio uterino ganha tecidos e se torna mais espesso e vascularizado para abrigar o embrião humano.
Stephanie Sarley está é a fazer cosquinha, um cafuné, no útero das plantas. Pããããta que o pariu!!!
Mas se Stephanie Sarley pensa que está na dianteira dessa putaria toda, está redondamente enganada, pois, quando o assunto é putaria, quando a lição é de esculacho, olha aí, sai de baixo, o brasileiro é professor, ninguém nos supera.
O falecido ator Cláudio Cavalcanti, no filme Contos Eróticos, de 1977, há quarenta anos, portanto, no auge da pornochanchada brasileira, ficou nacionalmente célebre por uma cena de fitofilia explícita. Cláudio Cavalcanti enterrou a rola numa melancia. Que brasileiro gosta é de fartura, de sustança, não se contenta com uns moranguinhos.
O próximo desdobramento dessa nova libertinagem será as Sociedades Protetoras dos Animais criarem um braço, uma ramificação para proteger os direitos que cada vegetal deve ter sobre o seu próprio corpo, defender as frutinhas dessa exploração sexual; em pouco tempo, exportar frutos será declarado tráfico de escravos sexuais e os horticultores, acusados de aliciamento de indefesos.
As feministas - acharam que elas ficariam fora dessa? - declararão que cada vegetariano ou apreciador de frutas é um estuprador em potencial. Pããããta que o pariu!!!! E logo, logo, organizarão a Marcha das Frutas Vadias, ao longo da qual as drupas, as bagas, as infrutescências e os pseudofrutos (uma espécie de LGBTs do reino vegetal, parece mas não são) clamarão pelo direito de se expor nos hortifrutis e nos varejões do jeito que vieram ao mundo, sem nenhuma embalagem, brilhantes, sedosos, reluzentes e suculentos, sem que sejam taxados de putas ou de promíscuas.
O pináculo da Marcha das Frutas Vadias será o discurso de fechamento de sua organizadora, a Banana, claramente uma sapatão. Aliás, a banana é a personificação (ou a frutificação?) da feminista de sovacos e pernas cabeludos, peitos caídos e grelo de 15 cm; a banana não precisa ser polinizada para produzir seus frutos, não precisa ser fecundada, os produz por um processo chamado partenocarpia, a banana é uma espécie de Virgem Maria do reino vegetal. Não é esse o ideal de vida de toda feminista? Gerar seus filhos - filhas, de preferência, pois não querem se arriscar a ter um estuprador em potencial dentro de suas próprias casas, a mamar em seus peitos - sem levar uma carga de porra, seja direto da rola ou de uma micropipeta, seja na buça ou numa placa de Petri?
Voltando : em seu discurso, a Banana sairá em defesa e em resgate da honra da Maçã, a fruta mais perseguida e injustiçada historicamente, irá cobrar em altos berros a dívida histórica que o cristianismo e toda a sociedade machista opressora tem para com a Maçã, desde o Gênesis vista como o fruto do pecado, por ter seduzido Adão e o levado a desobedecer o Todo-Poderoso. Um caso clássico de imputar à vítima a culpa pela violência sofrida, concluirá e encerrará o seu discurso, sob aplausos e ovações da plateia, a Banana.
Pãããããta que o pariu!!!

em tempo : mas a verdade é que, de hoje em diante, eu nunca mais olharei para um figo da mesma maneira; não é que ele, longitudinalmente cortado, parece mesmo uma fedegosa peludinha? Do jeito que eu gosto.

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2 Comentários

  1. "...em pouco tempo, exportar frutos será declarado tráfico de escravos sexuais e os horticultores, acusados de aliciamento de indefesos"

    Não sei se eu devo rir de tal frase ou realmente levá-la a sério!!!

    Sobre essa artista, tem louco para tudo. E otário para tudo. Não me surpreenderá se realmente for levado à cabo os ensinamentos dela, levando em conta essa tosca geração de "defensores de ideais".

    O texto, muito bom. Assunto distinto, escrita sarcástica, ao estilo Azarão.

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