Pequeno Conto Noturno (95)

01h14. 
Yrina, olhos mortiços, de crisântemos roxos deixados sobre a lousa fria de granito no último Finados e descorados pelo Sol; voz pastosa, marinada e condimentada pelo gim :
- Você sabia, né, Rubens? Sabia que nós éramos lindos e invejáveis juntos, não sabia?
Sabia.
O duro é que Rubens sabia.
Sempre soube, olhos de controle remoto com pilhas fracas, que assistem apenas ao inevitável; voz com faringite e preguiça, que não ousa alçar voo, nem que seja um voo de galinha, contra a força de gravidade da Vida.

Postar um comentário

11 Comentários

  1. "nem que seja um voo de galinha, contra a força de gravidade da Vida"
    Rapaz, definiu a existência de alguns bilhões de seres humanos.
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma vez li, em algum lugar, que o melhor escravo é o cara que julga ser livre.
      Por outro lado, sabermo-nos escravos e não conseguirmos nos libertar, o que é pior?
      Que remédio mais amargo e cruel, a pílula azul ou a vermelha?
      Abraço.

      Excluir
    2. "Que remédio mais amargo e cruel, a pílula azul ou a vermelha?"
      Bate as duas com leite no liquidificador e toma com açúcar. E bola pra frente.

      Excluir
    3. Com leite? Que fossa, meu chapa, que fossa....

      Excluir
  2. Olhaí, Marreta, recebi este artigo de um amigo que foi diretor de escola. Pensei em publicar no Blogson, mas achei que pode ser mais útil para você.

    De volta aos livros: Suécia recua na digitalização de escolas após resultado desastroso
    Autoridades concluíram que digitalização da sala de aula pode transformar a próxima geração de estudantes suecos em analfabetos funcionais

    “Estamos em risco de criar uma geração de analfabetos funcionais”, advertiu a ministra da Educação, Lotta Edholm, após ver a nota do país despencar no Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), exame internacional que avalia o desempenho em leitura dos(as) estudantes.

    Segundo matéria publicada no jornal francês, Le Monde, a gestora concluiu que o mau desempenho é consequência da forma acrítica como o país introduziu recursos digitais nas escolas. Nos últimos 15 anos a Suécia substituiu os livros didáticos por computadores, tablets, aplicativos e plataformas tecnológicas.

    Na Suécia, as consequências negativas desse experimento foram observadas em toda a comunidade escolar. Alunos(as) perderam o hábito da leitura, professores(as) ficaram sem acesso a livros e as mães, pais e responsáveis não conseguem ajudar seus(as) filhos(as).

    Para reverter a situação, além de barrar a estratégia de digitalização, Lotha lançou um programa de reintrodução dos livros para recuperar a capacidade de leitura dos(as) estudantes. Os livros têm “vantagens que nenhum tablet pode substituir”, argumenta.

    O plano prevê o investimento de 150 milhões de euros até 2025. “O relatório do PIRLS é um sinal de que temos uma crise de leitura nas escolas suecas. No futuro, o governo quer ver mais livros didáticos e menos tempo de tela nas escolas”, diz a ministra.

    Segundo as informações, a decisão de Lotha para abandonar o programa ambicioso de digitalização foi embasada em evidências científicas apresentadas por mais de 60 especialistas. “Todas as pesquisas sobre o cérebro em crianças mostram que elas não se beneficiam do ensino com base em telas”, afirma.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ouvi sobre isso inda ontem aqui na escola. Vou tentar ler mais sobre é ver se consigo adaptá-lo a la Marreta. Mas como é um tema dos mais interessantes e urgentes, não se furta a publicá-lo também no Blogson. Creio que você tenha uma visão bem legal sobre isso também.Ou sua esposa, que já foi da área. Nunca pensou em publicar um texto dela? Na triste - passageira- situação em que ela se encontra, de repente, pode até lhe servir de uma distração.

      Excluir
    2. Rapaz, ela é muito tímida, muito reservada, mas tem uma memória de elefante reconhecida por todos. Uma vez ela escreveu um texto maravilhoso para sua irmã que comemorava 60 anos, se não me engano, onde revolvia lembranças saborosas da infância. Infelizmente, não sei que fim levou. Ela escreve muito bem (creio que é uma característica que os filhos herdaram), mas parece não se interessar nisso. Uma vez uma amiga paulista comprou um cadero de capa dura, encapou com tecido e deu a ela de presente, para que registrasse suas lembranças, casos, pensamentos, etc. Há uns quinze anos no mínimo que esse caderno espera ser utilizado.

      Excluir
  3. Gostei demais dessas artes que fez com as fotos, me lembra até um dos primeiros álbuns do Pink Floyd.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É um aplicativo bem leve e simples que pus no celular. Não tem lá grandes recursos (que eu também não saberia usar), mas dá pra brincar um pouco e criar umas imagens interessantes. Se quiser dar uma olhada :
      https://play.google.com/store/apps/details?id=gr.gamebrain.comica&hl=pt_BR&gl=US&pli=1

      Excluir