O escritor universal é aquele que, fazendo um retrato 3 x 4 de sua aldeia, pinta um imenso painel do mundo. Menos ainda que falar da sua aldeia, que uma aldeia, por menor que seja, já tem gente demais. É aquele que, escrevendo de dentro das quatro paredes de seu quarto, atravessa, sem passaporte e sem as alfândegas do idioma, todas as fronteiras, de todos os países. É aquele que bem falando só do próprio mal-lavado umbigo, fala da beleza e das mazelas de toda a humanidade, de todas as épocas.
Bukowski é um desses caras, desses escritores universais.
Bukowski, sobre os hipódromos e as apostas em cavalos, principalmente sobre o intervalo entre as apostas, quando não se há muito o que fazer, e ninguém consegue guardar o respeitoso e inteligente silêncio :
Nunca pus meus pés num hipódromo.
Bukowski, no entanto, parece-me, conhece intimamente uma sala de professores! Igualzinho à sala de professores da minha escola! Sem tirar nem pôr! Cuspido e escarrado! Pãããããããããta que o pariu!!!!
E lá estou eu, sentado no meio deles.
2 Comentários
Imagine Bukowski numa reunião de departamento com 30 "mentes brilhantes"? A cada reunião no serviço público, uma ereção a menos. No final, vão fazer falta.
ResponderExcluirPois foi justamente o que eu disse da universalidade do verdadeiro escritor. A situação descrita pelo velho Buk no hipódromo é válida para qualquer ajuntamento humano, pessoas tentando ocupar o tempo e a esperar pela morte fingindo que não.
ExcluirE sim, toda ereção é preciosa. Principalmente depois dos cinquenta.