Bob Esponja Prega Arrombada

Nada tenho contra personagens de quadrinhos ou de animações que queimam a rosca. Nem a favor. Entendo que o sujeito que dá a ré no quibe queira se reconhecer e se sentir "representado" nas diversas modalidades de mídias e de entretenimento. Acima de tudo, entendo mais ainda que o público gay seja um nicho de mercado dos mais rentáveis, que os autores que decidem se esse ou aquele personagem senta na brachola estejam muito mais engajados em forrar os próprios bolsos do que na "luta" LGBT. Hoje em dia, colocar um "selo de qualidade gay" em um produto é sucesso garantido de vendas. Acredito que devido à perseguição e à opressão que sempre sofreram, mais do que serem reconhecidos e aceitos pela sociedade, os gays querem ser aplaudidos, festejados por ela. E que melhor maneira deles se sentirem paparicados do que ter linhas de produtos concebidas "especialmente" para eles? Que melhor isca? E que peixes mais facilmente fisgáveis? Nada contra também quem explora e manipula este nicho. Afinal, todos temos que ganhar nosso dinheirinho. Se for às custas do cu do outro, então, tanto melhor. Só espero que, amanhã ou depois, alguém não decrete que buceta seja artigo de uso gay, porque aí, meus caros, nós, heteros, estamos fodidos, não vai sobrar buceta na praça nem pra darmos uma cheiradinha.
Nada contra personagens de quadrinhos ou de animações que mordem a fronha e beijam pra trás. Nem a favor. Desde que duas ressalvas sejam observadas.
Primeira : que novos personagens sejam criados já com essa orientação, já com essa identidade sexual e já para este fim, "discutir" a problemática LGBT. Que não se tomem personagens antigos, cujas sexualidades, inclusive, nunca foram foco ou pauta dos enredos de suas histórias e os declarem gays de uma hora pra outra. Que um super-herói clássico não acorde, vista seu uniforme e decida meio que do nada : hoje não vou esmurrar facínoras, não vou combater invasões alienígenas nem salvar ninguém de incêndios, terremotos ou inundações; hoje eu vou é sair do armário...ui, ui, ui! Vou chupar a rola do Coringa! Vou dar a bunda pro Duende Verde!
Segunda e mais fundamental : que tais personagens novos e já criados para esta finalidade, a de expor explicitamente a sua sexualidade em lugar de promover meros entretenimento e distração, sejam direcionados, única e exclusivamente, aos públicos juvenil e adulto. Públicos cujas sexualidades, sejam elas quais forem, já afloraram; públicos que já tenham sido tocados pelo chamado do sexo. Públicos cujo desenvolvimento normal, natural e cronológico de suas anatomias e fisiologias já os tenha colocado diante destas questões e os convocado a lidar com elas e a resolvê-las.
Nunca direcionados ao público infantil. Nunca para crianças de três, quatro, sete, dez anos... Nunca para uma faixa etária que não tenha sido ainda irrigada por uma tormenta de hormônios sexuais e que, consequentemente, ainda não é atormentada pela libido nem pela pulsão em satisfazê-la. Confrontar a criança com personagens infantis sexualizados é "adultizá-la" de forma temporã. Apresentar-lhes, às crianças, estímulos, dúvidas, questionamentos e inseguranças de cunho sexual antes que os seus organismos primeiro lhes apresentem é violentar os seus desenvolvimentos físicos, cognitivos, emocionais, afetivos e sociais. Erotização precoce e intencional é um estupro dos normais e saudáveis desenvolvimento e aprendizado da criança.
Aí, então, vem e me informa o Mr. F, leitor do Marreta e sommelier de cervejas, que o personagem infantil Bob Esponja Calça Quadrada foi declarado oficialmente gay. Fui dar uma olhada e de fato. Na semana passada, o canal Nickelodeon, responsável pela transmissão da série Bob Esponja, admitiu o que, pelo que li, os espectadores da série já desconfiavam há muito tempo, que o Bob Esponja escorrega no quiabo. 
O canal "argumenta" que a intenção é educar a criança, é fazê-la ver que não há nada de mais em ser gay. E, de fato, não há. Nem em ser hetero, ou bi, ou pansexual. Não há nada de mais. Nem é DEMAIS! Nem deve ser normatizado ou glamourizado. Educar a criança? Confrontar a criança com questões que ela ainda não se fez - e que ainda não tem mesmo que se fazer - é tentar levá-la a raciocínios e ponderações que ela não está preparada para construir. E como a criança não tem como processar conscientemente aquela informação - no caso a sexualidade de um personagem -, o que se está a fazer não é educá-la, mas sim doutriná-la, doutriná-la subliminarmente. Doutriná-la subliminarmente aos interesses sabe-se lá de que grupos midiáticos e ideológicos. Doutriná-las e arrebanhá-las.
E adivinhem quem é o "crush" do Bob Esponja? O Patrick Estrela, é claro! Uma estrela-do-mar! Um animal que tem cinco pirocas! Mesmo assim, dizem as más-línguas, o Bob Esponja não fica saciado; afinal, buraco para ser preenchido é o que não falta nele! Dizem, de novo as más-línguas, que quando o Patrick Estrela vira as costas, o Bob Esponja tem se virado de costas também para o Mike Holotúria, um pepino-do-mar. Pãããããããta que o pariu!!!
E olha que o Bob Esponja tinha tudo pra ser espada. Nasceu no melhor lugar do mundo, na Fenda do Biquíni!!!

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8 Comentários

  1. Se identifica com o Lula, Azarão? O Lula Molusco, digo.
    Gostei do texto, acho que é um debate necessário, inclusive. E as análises sobre opressão e as consequências, são interessantes e fundamentadas. Agora, em relação ao fato de exibirem personagens gays, pan, etc, em desenhos para crianças, não acho que seja a questão principal. Esses dias conversei sobre isso com uma amiga. Tanto se fala em ideologia e coisas do tipo, mas ninguém questiona que quase todos os desenhos carregam muitas ideologias. É a mulher magricela e branquela, personagens hiper-sexualizados (e a maioria, hétero), mensagens religiosas embutidas nos desenhos, e por aí vai. Não é o seu caso, mas geralmente quem mais reclama de "ideologia", são os "ideólogos", puritanos, sacerdotes do falso moralismo. E eles nem se percebem assim. A ideologia deles não é ideologia, pois é a norma, a média, o naturalizado. Assim, penso (e não estou com o martelo da verdade, apenas penso mesmo) que se for para discutir e problematizar a inserção de sexualidades diversas em desenhos infantis, deveríamos antes questionar os "valores" já costumeiros nesse meio. Talvez o adequado seja eliminar o assunto dos desenhos. Talvez o contrário, ampliar. Não sei, é um tema delicado.

    Minha avó parou de ver novela por ter "beijo gay" atualmente. Longe de mim julga-la. Ela viveu em outra época, mais repressiva e tudo o mais. Mas, até então, que eu saiba as novelas sempre tiveram muito conteúdo sexual, mas hétero. Isso não incomodava ela. Então, penso, o problema é ter conteúdo sexual ou é permitir diversidade no conteúdo sexual? Ela reclamou que tinha criança vendo novela e que isso ia ser ruim. Oras, o casal hétero transando também não seria? (apenas usando de exemplo essa passagem).

    Agora, o Bob Esponja, nenhuma novidade. Quantos furos ele tem mesmo? (risos). Abraços!

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    1. Rapaz, sai pra lá com lula, polvo e esses bichos cheios de apêndices compridos e roliços!
      Acredito que sim, que grande parte dos desenhos atuais tenham cargas ideológicas. Os desenhos mais antigos, creio eu, não tinham esse viés, ou eu não percebia e não percebo até hoje justamente por retratarem a norma, a média de uma época. Mas não consigo enxergar nenhum tipo de pregação em desenhos como o Pica-Pau, o Pernalonga, Tom & Jerry, nos infantis como Vila Sésamo ou Castelo Rá-ti-bum; ou mesmo em desenhos mais atuais que são produzidos pelo Discovery Kids, por exemplo. Nem no Irmão do Jorel eu consigo enxergar outro propósito que não o de divertir.
      Aliás, essa sua avó, que se incomoda com o beijo gay mas não com o hétero, é a Vovó Juju ou a V´vó Gigi?

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    2. Penso que cada desenho tem uma ideologia. O Pica-Pau é nitidamente um revoltado contra os poderes e reflete o contexto norte-americano da época. O Tom e Jerry explicita diversos momentos de preconceito racial, violência naturalizada, conteúdos de guerra (a maioria dos desenhos dessa época tentam mostrar que o pais em questão é melhor que os demais). Mas, o principal é a violência generalizada. Inicialmente eu achava que não tinha muito efeito no comportamento infantil, mas dois amigos meus fizeram um projeto (experimental) para analisar o efeito desses desenhos (pica-pau, principalmente) no comportamento de agressão de pré-escolares e o que vimos é bizarro. Não só a criança repete a agressão e naturaliza ela, como se inferioriza por conta disso (isso com exposição diária de 20 minutos de pica-pau e outros desenhos por dia durante 15 dias). Eles ainda não publicaram o artigo, mas quando fizerem, te encaminho. O grupo controle manteve estável a quantidade de respostas agressivas.
      Sobre Vila Sésamo e Castelo Rá-Tim-Bum, realmente, não consigo identificar nada. Raridade em!
      O Irmão do Jorel é um desenho de pura ideologia! Só que disfarçada de deboche e ironia; é ótimo. Todo momento tem uma mensagem sobre a ditadura (policiais palhaços), sobre repressão, sobre preconceito, sobre bullying, diversidade sexual, choque entre culturas, pobreza vs burguesia (os Shostners), e por ai vai. A diferença é que eles suavizam muitíssimo bem todo o conteúdo. Mas, quando assisto Irmão do Jorel, eu nem reparo também. E entendo que tem uma diferença: nesse caso, tem muita ideologia, mas ela não é a base do desenho. Alguns desenhos só existem para forçar algo ou naturalizar ainda mais algum outro tema...
      Sobre a avó, é a vovó Gigi. Pra variar.

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    3. Lerei o artigo, prometo, mas acho que certos casos, como esses do pica-pau, tom e jerry etc, é meio que procurar pelo em ovo, achar chifre em cabeça de cavalo; duvido mesmo que os autores tivessem essa intenção consciente.
      Mas é aquele caso, eu não creio em bruxas, mas que elas existem, existem. Assim, quando o Raul tinha lá os seus tr~es, quatro, cinco anos e assistia quase que exclusivamente aos desenhos da Discovery Kids, onde todos personagens são legais, bonzinhos, conciliadores, onde até tiranossauro rex é vegetariano, volta e meia eu o colocava para assistir a umas maratonas do Pica-Pau, questão de defesa pessoal. Imagine só na escola, o encontro entre uma criança que só vê personagens bonzinhos e uma que assiste ao Pica-Pau, ao Coiote e Papa-Léguas etc? A primeira ia tomar uma surra braba.

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  2. Pãaata que pariu... depois dessa última visão do inferno, nem vou dormir hoje.

    Realmente, que cada um faça o que bem entenda de suas pregas. Só não venham me dizer, nem a mim nem a meus filhos, que é normal ou é bonito... não, não é.

    Mas é exatamente isso... tudo por dinheiro. Vou lhe contar dois causos, um das antigas e outro recente.

    Nos anos 1990, durante a faculdade, eis que abriu uma boate em minha cidade. E eis que a propaganda de divulgação do dia da inauguração, semanas após a data, foram diversas fotos com algumas criaturas de gênero duvidoso. Cidade do interior que era, na época em que a sigla era GLS, nem se pensava em glamourizar a coisa.

    Então, a galera caiu de "pau" (não de pau). Uns colegas foram na dita boate e encontraram o dono. Puxaram conversa e tocaram no assunto, o cara logo tentou limpar a barra dizendo que foi uma queimação de filme. Que era coisa de um promoter afrescalhado que havia sido despedido. Época boa, em que homem fumar era bonito.

    E a mais nova: existe um app chamado Untappd, que é uma espécie de álbum de fotos misturado com redes sociais dedicado a cervejas. É bem interessante, pois cataloga dezenas de milhares de marcas de todo o mundo. É onde registro minhas degustações: sempre um foto do copo com a garrafa, para guardar para a posteridade.

    Mas enfim, à medida que vai tirando as fotos, o usuário ganha "badges", ou selos. Tipo, bebeu no Natal, ganho um selo específico. Umas duas semanas atrás, fui beber uma e ganhei o selo "LGBT sei lá o que". E pior foi o texto: Untappd reconhece a contribuição que a comunidade LGBTQ deu ao mundos das cervejas artesanais.

    Pãaata que pariu ao quadrado. Só espero que não tenha nada nessa água, senão estarei fudido?! Sai fuera, como diria um amigo paraguaio.

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    1. Há! Há! Há! Te confundiram com um degustador de rola!!! Mexe com esse povo, mexe!!!!

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  3. Você tem razão. Se tem uma coisa em que eu sou super conservador é no desejo de que as características originais dos personagens de HQ nunca mudem, pois foi assim que fizeram sucesso, que ganharam público. Já pensou se o Thor resolvesse cortar os cabelos ou jogar fora seu martelo? Se o Capitão América aposentasse seu escudo? Que o Pato Donald finalmente se casasse com a Margarida? Eu me consideraria enganado, traído, lesado. O mesmo ocorre com a opção sexual. Se o personagem nasceu e ganhou admiradores sem qualquer menção à sua sexualidade, por que mudar isso agora? Considero heresia qualquer alteração nos personagens. Super-homem na mesma história do Batman? Pornografia para mim é isso. Charlie Brown e sua turma continuaram crianças por mais de 50 anos e talvez seja isso que garantiu sua genialidade e graça. Para mim, o Bob Esponja sempre foi quase um retardado mental, mas só isso. Mesmo que tenha se tornado quase um ícone LGBT. Então, volto ao meu raciocínio: alterar o personagem mesmo que apenas explicitando sua preferência sexual é uma idiotice total. Para mim, não há mal em se ter personagens gays em HQ. Mas isso deveria ser feito desde o início. Deveriam criar uma ou mais revistas para esse público. Mais ou menos como as revistinhas de sacanagem do Carlos Zéfiro. Quem as lia sabia previamente o que encontraria em suas páginas. Agora, esse papo de sexualização da primeira infância, sei não. Até uns dez, doze anos eu não curtia as HQ “adolescentes” do tipo Tarzan, Fantasma, Batman e assemelhados. O que eu gostava mesmo era das histórias fantasticamente bem desenhadas e engraçadas da Disney, o que eu gostava era de HQ caricatas tipo Tom e Jerry, Picapau, etc. Quando meus filhos tinham uns quatro a dez anos deixei que alugassem fitas com desenhos animados pornográficos. Viram uma fita, acharam uma merda e nunca mais se interessaram. Creio que são os adultos que se descabelam para “proteger” os filhos desse tipo de coisa. A meninada (pelo menos a sadia) está pouco se lixando para isso. Vamos preservar as características originais ou como diriam os gringos, “back to basic”.

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    1. Exatamente tudo isso, Jotabê! Sou incapaz de acrescentar sequer uma vírgula ao seu comentário. Cheguei a dar uma folheada, por exemplo, num exemplar da Turma da Mônica Jovem que encontrei na casa da minha sogra, propriedade de uma sobrinha da minha esposa. Desenhada em estilo mangá (que está longe de ser de meus preferidos), mostra Cebolinha e cia adolescentes. A Magali faz dieta, a Mônica corrigiu os dentes, o Cebolinha tratou-se com fonoaudiólogo etc. O sentimento de ser enganado que você citou.
      https://amarretadoazarao.blogspot.com/2009/12/mal-li-e-achei-uma-merda.html
      E para finalizar : Viva Carlos Zéfiro, o único catecismo que rezei até hoje!

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