Não gosto de futebol. Nunca gostei. Nem mesmo de pebolim ou de jogo de botão. Nem mesmo quando, ainda em moleque, meu pai me arrastava - sem saber que eu não gostava - para ver as partidas do Comercial F.C. de Ribeirão Preto - e eu com o pensamento nos filmes do Festival Jerry Lewis, exibidos nas tardes de domingo da rede Globo. Não considero talento digno de apreciação - muito menos de devoção - o sujeito saber controlar uma bola de couro e ar. Nunca vi beleza alguma em um drible ou em um gol. Nunca tive ídolos futebolísticos.
Porém, um dos maiores ídolos futebolísticos da triste nação de Pindorama - verde de diarreia e amarela de ancilostomose - foi dedicado devoto e abnegado sacerdote da religião com que mais eu simpatizo. Teria sido Papa - no mínimo, cardeal -, caso eleição para a Igreja da Santa e Secular Cerveja houvesse. E o Espírito Santo estivesse bêbado.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou, simplesmente, Sócrates; atendendo também por Doutor Sócrates, ou Magrão.
Tendo despontado no Botafogo F.C. de Ribeirão Preto, na década de 1970, sei que cheguei a ver, sem nenhuma emoção ou vibração, das arquibancadas do estádio Santa Cruz, Sócrates jogar pelo tricolor ribeirão-pretano; antes de sua ascensão à picaretagem da tal democracia corintiana e de sua culminância à picaretagem-mor da seleção canarinho, a pátria de chuteiras. Sei que o vi, mas não me lembro de porra nenhuma. Ou, melhor, até me lembro, mas com a lembrança de um fotógrafo de casamento, aniversário, batizado ou formatura, que, simplesmente, registra uma cena; sem ser parte dela, sem nenhum vínculo emocional.
Mas muito mais do que jogar, do que ser um craque da bola, ou da pelota, como preferem nossos hermanos argentinos, Sócrates bebeu. Muito mais bebeu do que jogou. Muito mais entornou do que fez balançar as redes do gol. Foi o Pelé da cerveja. O Charles Miller da brahma casco escuro. A brilhante carreira cervejeira de Sócrates se estendeu muito além da dos gramados.
E é por conta desta sua primeira vocação e deste seu congênito talento, o do copo, que Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, é a figura de destaque do cerveja-feira desta semana.
E Sócrates entorna é no gargalo!!! É o Bukowski de chuteiras!!!
"O copo do mundo é nosso, com (Sócrates) brasileiro não há quem possa..."
2 Comentários
Rapaz, lendo o post lembrei que no futuro não pode faltar Garrincha nessa seção.
ResponderExcluirEis que procuro uma foto dele no Google Imagens e olha a desgraça que me aparece:
https://uploads.metropoles.com/wp-content/uploads/2018/12/04150601/cerveja-lulalivre.jpg
Não só a desonestidade está no DNA do brasileiro, como disse o Régis Tadeu. Diria que acima de tudo, o apreço por ela, por tudo que não presta e aqueles que nada contribuem para sociedade: youtubers, jogadores de futebol, artistas da Globo e tantos outros picaretas.
Sem dúvidas, meu caro, a desonestidade está no DNA do brasileiro e, consequentemente, o seu apreço por ela, por aqueles que foram bem-sucedidos em suas carreiras de pilantra.
ExcluirVou tentar, mas sei que não será fácil achar foto do Garrincha tomando uma cerveja; primeiro, porque naquela época não era comum repórteres registrarem momentos pessoais de descontração dos famosos, e sim apenas as demonstrações de seus talentos; segundo, porque, ao que consta, ele era mais chegado numa pinga. Mas vou tentar e valeu pela lembrança.