Libertem o Pastor Gibran

Sempre que irrompe um escândalo sexual envolvendo figuras de certa (e discutível) relevância para a sociedade - políticos, religiosos, artistas de tv e cinema, atletas -, o populacho, a choldra ignóbil, a plebe ignara, excluída dos altos escalões da fortuna e do poder, reage da única maneira que pode, vira raposa que desdenha as uvas inalcançáveis que tanto desejam. E uma vez que não pode ter as uvas, que por despeitado daltonismo diz estarem verdes, passa a querer a jugular e o sangue dos bem-aventurados que se deleitam do sumo das rosados e adocicados cachos.
Sempre que alguém ganha na megassena acumulada do sexo, a ralé não perdoa. Em ato contínuo e recorrente de um arraigado civismo, hasteia-se a bandeira da pretensa moralidade ao som do hino de uma sempre mal-intencionada religiosidade.
E aí começa a malhação do Judas : os libertinos são vilipendiados, demonizados, julgados, condenados e expostos à humilhação e ao escárnio da opinião pública, tudo em nome da família, de deus, das tradições; os fesceninos são lembrados e chamados à responsabilidade, à obrigação, na verdade, de darem bons exemplos, uma vez que são pessoas públicas e influentes.
Revolta justa e genuína, a do povão? Indignação procedente e verdadeira, a da plebe rude? Porra nenhuma! Hipocrisia da braba, isso sim! E principalmente inveja, a capital Inveja! Quereriam também, os malhadores do Judas, ter participado e usufruído dos gozosos eventos. Inveja de quem não foi convidado para a festa, para o surubão.
Um exemplo disso foi um acontecido, no ano de 2000 ou 2001, aqui em minha cidade natal. Um laptop foi furtado do interior de um veículo e, em seus arquivos e memória, encontrada uma série de fotos de uma suruba. Casais das mais altas rodas da sociedade local, figurinhas carimbadas das fúteis colunas sociais, tudo gente fina, com destaque para os filhos de um grande empresário da educação local e de um famoso parlamentar.
Todos lá, no maior dolce far niente, acompanhados de suas respectivas esposas, uma mais gostosa que a outra, peladões, tomando vinhos de boas safras, em comovente comunhão fraternal, em que o que é de um também é do outro, inclusive o um do outro, todos embolados, enroscados, engatados, juntos e misturados. Uma devassidão só! Uma pouca vergonha sem tamanho! Uma delícia!!!
As fotos correram pela web e os bacantes provaram do repúdio dos puritanos da província. Alguns casais, os mais notórios, tiveram (ou preferiram) até que partir em autoexílio, dar um tempo em pátrias outras, ir fazer suruba onde ninguém os conheciam, esperar a poeira baixar. 
Defensores dos bons costumes, os algozes dos depravados? O cacete! Invejosos maledicentes. Queriam também estar na orgia, entre peitos, pintos e bundas.
Outro exemplo, esse de âmbito internacional, foi o do ex-fenômeno Ronaldo, pego no ato com três travestis em um motel, três mulheres-elefante. E o gordo também passou por sua via crucis; à época, Ronaldo era embaixador da Unicef do Fundo das Nações Unidas para a Infância : foi destituído do cargo. Um ídolo das crianças dar tal mau exemplo, ora, onde já se viu?
De novo, ninguém está preocupado com bons ou maus exemplos. De novo, a carrancuda inveja. Inveja do cara estar com travecões? Sei lá, até pode ser, afinal, o que é do gosto, regalo da vida. E a questão nem são os travecões, a questão é que Ronaldo tem lá seus desejos e é muito bem resolvido com eles, tem coragem de realizá-los. A inveja não vem do cara estar com uma puta, um travesti, com mais um ou dez na mesma cama, vem do cara ser bem resolvido sexualmente e ter acesso aos objetos de seu tesão. O encruado, o enrustido, não perdoa isso.
E foi essa mesma Inveja, travestida de puritanismo, esse mesmo pecado capital, camuflado de virtude, que vitimou um homem de deus do munícipio mineiro de João Monlevade. O pastor Gibran Henrique, 36 anos, da Igreja do Reavivamento Divino, foi caguetado pela "irmã" G. D. S., 26 anos, que o acusou de promover encontros sexuais coletivos entre os fiéis de sua igreja, os famosos surubões de Cristo!
Inveja, pura inveja das fiéis recalcadas que não eram convidadas a tais "retiros espirituais", inveja do poder purificador do cajado do pastor.
Segundo a moça, o pastor selecionava os rapazes e as moças de melhor aparência para o que ele chamava de "encontros de aprofundamento". O que não deixa de ser, e bota aprofundamento nisso, todo mundo afundando em todo mundo. O objetivo dos encontros era libertar a alma através do orgasmo.
Segundo testemunhas ouvidas na 27ª Delegacia Regional João Monlevade, o pastor Gibran Henrique induzia os fiéis a deturpações das leituras bíblicas para que os mesmos se despissem de suas roupas e de sua moral e, os que ainda os tinham, de seus cabaços e pregas. 
E só prenderam o pastor? E os outros foliões? Vítimas inocentes da lábia do pastor? À puta que o pariu. Pelo que foi noticiado, o pastor não pegou ninguém a força, não forçou ninguém a nada, e essa balela de que, usando de sua figura de autoridade e a deturpação de trechos bíblicos, induziu as pessoas a participar de um bacanal também não cola. É desculpa de madalena arrependida.
Por exemplo, se o cara for um macho de respeito, dos convictos, se tiver firmeza nas pregas, ninguém é capaz de convencê-lo a dar o rabicó, pode citar trechos bíblicos à vontade, pode descer o próprio deus à Terra que ele não solta o bufante. Agora, se o cara já tiver aquela comichão na argola e só não der a ré no quibe por medo ou por achar que é pecado, aí fica fácil, aí é sopinha no mel pro pastor, aí o pastor tá até fazendo um favor pro cara, dá a justificativa que ele tanto precisava pra enfiar o brioco no espeto, se está na bíblia, se deus quer...
O mesmo vale para as crentes do cu quente com seus calores na bacurinha devidamente abafados sob os seus cabelões que lhes descem até a bunda e suas saias que lhes chegam aos tornozelos. Não tá no gibi o que deve ter de crentinha doidinha para sentar numa boa jeba, se refestelar numa boa piroca, ou em duas, em três. De novo, o pastor lhes dá a justificativa bíblica para satisfazerem seus desejos, liberta-as, na verdade.
Nos "encontros de aprofundamento", segundo relatos dos fiéis infiéis, dos alcaguetes, o pastor pregava que, para entrar em conexão direta com Deus, eles precisavam tirar as roupas e tomar o sangue de Cristo, que era representado por cálices de Cabernet Sauvignon. Depois de dezenas de cálices de vinho, o pastor Gibran promovia a chamada ‘comunhão com os irmãos’, que, segundo depoimento de L.D.C., radalista de 26 anos, seria uma espécie de abraço coletivo no qual todos deveriam sentir integralmente o corpo dos irmãos. Integralmente, até o talo, até as bolas.
O pastor disse que foi preso injustamente porque a Constituição garante a liberdade de religião. Ele pediu, além de orações, doações para pagar o advogado. Mais do que injustamente! O pastor Gibran é um libertador da alma humana rumo ao esplendor dos Céus. Prender um libertador? Bota injustiça nisso.
Pastor Gibran, és um verdadeiro homem de deus. Mostraste-me a Luz, pastor Gibran. Quero me tornar um de seus missionários, um dos disseminadores (ou inseminador seria mais adequado?) de sua Palavra.
Libertem o Pastor Gibran

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2 Comentários

  1. Enquanto não sai o Habbeas corpus do pastor, a sacanagem rola sem ele. Independente de qlqr lado político -http://www.cartacapital.com.br/economia/lei-da-terceirizacao-e-a-maior-derrota-popular-desde-o-golpe-de-64-2867.html
    Td isso enquanto se discute a diminuição da maioridade penal, o próximo capítulo de Babilônia e, é claro, o final do BBB.
    PS: Viu a última edição da Veja?
    http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/aecio-dilma-instituiu-renuncia-branca-e-ja-nao-governa-o-pais
    "J"

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  2. Se o Gibran pastor tivesse lido o Gibran Khalil, talvez ele tivesse convencido a dedo duro, ao lhe dizer "A generosidade não está em me dares aquilo que eu preciso mais do que tu; mas em me dares aquilo que precisas mais do que eu". Depois de ouvir isso, ela dava numa boa

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