O Peso

Meu filho pedala pela praça em sua motoca azul,
Um raio alegre e sem cansaço
Em torno de uma extinta e árida fonte luminosa,
De um circuito desnivelado de fórmula 1.

Na descida, ele tira os pés dos pedais,
Nem se pergunta sobre a força invisível 
Que continua a pedalá-los para ele,
Só a usufrui.

Na subida,
Quando a gravidade, credora implácavel,
Cobra-lhe seu tributo,
Ele também não pensa sobre que força é essa
A emperrar suas pernas.
Apenas olha para mim, seu pai,
Que lhe ponho a mão às costas 
E o impulsiono declive acima,
Transformo-me, às vistas dele,
Num super-herói com poderes anti-g.

E essa é a beleza da infância,
Não se preocupar com a gravidade,
Não precisar lutar contra o peso das coisas,
De tudo. 

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