Cerveja Boa É Mesmo A Mais Barata (Ou : Mais Uma Justiça Feita Ao Azarão)

Quem anda aqui pelo blog sabe que, em relação à cerveja, eu só tomo da mais barata. Seja ela qual for, eu sempre compro a que estiver em promoção no mercado. 
Primeiro porque, realmente, não sinto grandes diferenças de paladar : cerveja é amarga, é ruim, ninguém toma pelo gosto, toma pelo álcool que lá está. Segundo, você bebe a cerveja agora e, meia hora depois, já a está mijando, e mijo é mijo, não vou ser idiota de ficar produzindo mijo mais caro, mijo tem que ser o mais barato possível.
Skol, Antartica Original, Bohemia, Itaipava, essas queridinhas nacionais, não entram aqui em casa. Meu lema é : cerveja boa, é cerveja barata (ver indicações na barra lateral do blog).
E não é que eu, na minha avareza, acabei acertando na mosca, de novo?
Um estudo feito por cientistas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP de Piracicaba, e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), revelou a fraude que é a cerveja brasileira, sobretudo as "melhores" marcas.
No Brasil, nada é puro, tudo pode ser misturado, miscigenado, com o aval da lei. A gasolina, por exemplo, pode ter, se não me engano, 25% de álcool; hambúrgueres e outros produtos de carne bovina podem ter também certa porcentagem de carne de frango, minhoca e outras; tecidos de algodão podem ter uma porcentagem de sintéticos; e a coisa vai por aí.
Pela legislação nacional, eu não sabia disso, a sagrada receita da cerveja - a santíssima trindade da água, lúpulo e cevada - pode ser profanada com até 45% de milho em sua composição. E o pior : algumas das "melhores" marcas até ultrapassam esse limite herege.
O estudo é amparado pela mais avançada tecnologia atômica, sem chances de erro.
Vou tentar resumir : durante a fotossíntese, os vegetais incorporam átomos de carbono, principalmente na forma de carboidratos. Na natureza, existem o carbono 12 (o mais comum) e o carbono 13 (um isótopo seu, uma variedade mais gorda). Alguns vegetais incorporam mais o C-12 e outros, o C-13. A Santa Cevada tem predileção pelo C-12, enquanto que as gramíneas tropicais, como o milho e a cana, preferem o C-13, é como se fosse a "assinatura atômica" de cada espécie.
Baseando-se nessa assinatura, os cientistas verificaram que a proporção das variantes 12 e 13 do elemento químico na cerveja era intermediária, o veredicto só podia ser um: mistura. Fraude. Heresia. Blasfêmia.
Os infiéis se defendem :
A Ambev, fabricante das marcas Caracu, Antarctica, Brahma, Bohemia e Skol, afirmou que "controlar a quantidade de malte de cevada é necessário para obter cerveja com características adaptadas ao paladar do consumidor brasileiro: leve, refrescante e de corpo suave";
A Schincariol, que produz a Nova Schin e a Glacial, diz que "respeita as iniciativas de pesquisas realizadas pela USP, mas ressalta que a metodologia utilizada no mencionado estudo não é a determinada pelo Ministério da Agricultura";
"É um trabalho interessante, mas discordamos dos resultados", disse à Folha Humberto de Lazari, gerente corporativo industrial do Grupo Petrópolis, das cervejas Itaipava e Crystal;
A Heineken, hoje responsável pela Kaiser, declarou em comunicado que "já possuía conhecimento da publicação, mas não encontrou relevância no artigo, pois a análise científica possui diversas inconsistências".
Eu, cervejeiro que considero Santo o meu Ofício, decreto : inquisição, tortura, e fogueira para todos eles!!!
Foram analisadas 77 marcas de cerveja, 49 nacionais e 28 importadas. Entre as nacionais, as mais impuras : Antartica, Antartica Malzebier, Antarctica Original, Antartica Subzero, Bohemia, Brahma Extra, Brahma Malzebier, Caracu, Crystal, Glacial, Itaipava, Nova Schin, Skol e Skol Beats, Kaiser Summer Draft.
A minha Bavária de quase todos os dias não está nessa lista profana. Tomo muito mais cevada que o viadinho que compra a Bohemia e pago muito mais barato. Outra boa e barata, a Colônia, também não está na lista das pecadoras. Merece ainda destaque a saborosa cerveja Cintra, de origem portuguesa, fabricada na cidade de meu querido amigo Keler Margá, Mogi Mirim.
Mais uma vez, o Azarão emerge triunfante da maledicência do povão, inclusive da de alguns de seus próprios amigos, que o acusam de sovinice e pão-durismo. Se fuderam de novo, meninos. Aprendam de uma vez por todas : o que o Azarão sabe por instinto, por uma percepção mais aguçada da realidade, por um dom inexplicável, a ciência, cedo ou tarde, acaba por comprovar. Não tem erro, o Azarão falou, tá falado.
Pois é, Fernandão, no sábado, quando vier aqui em casa, já sabe o que o aguarda, né? Prepare-se para degustar rodadas e mais rodadas de Bavária ou de Colônia ( a que estiver mais barata). Certificação de qualidade dada pelo Azarão e pelo pessoal do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP de Piracicaba, e da Unicamp. Doravante, caro amigo, antes de tomar uma cerveja, veja se ela ostenta o ISO-Azarão estampado em seu rótulo.
Fonte : Folha de SP

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1 Comentários

  1. Bom dia A...
    Olá amigo ,já não penso desta forma,a cerveja para mim tem que ter qualidade e não ser muito amarga.
    Eu gosto da Antartica , Bohemia e Brahma, estas são as minhas preferidas.
    Gostei desta matéria você fez um apanhado geral de todas as cervejas e escolheu a sua preferida, isso vai de cada pessoa.
    Agradeço por ter compartilhado.
    Desejando um ótimo fim de semana.
    Abraços sempre.
    ClaraSol

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