Um Amor de Carnaval
(Menotti del Picchia)
Arlequim:
Diz, queres-me bem?
Pierrot:
Fala, gostas de mim?
Fala, gostas de mim?
Colombina, hesitante:
Eu amo-te , Pierrot...... Desejo-te, Arlequim...
Eu amo-te , Pierrot...... Desejo-te, Arlequim...
Arlequim, soturnamente:
A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!..
A vida é singular! Bem ridícula, em suma... Uma só, ama dois... e dois amam só uma!..
Colombina , sorrindo e tomando ambos pela mão:
Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor dos dois... Hesitante, entre vós, o coração balança:
Não! Não me compreendeis... Ouvi, atentos, pois meu amor se compõe do amor dos dois... Hesitante, entre vós, o coração balança:
dizendo a Arlequim:
O teu beijo é tão quente...
O teu beijo é tão quente...
dizendo a Pierrot:
O teu sonho é tão manso...
O teu sonho é tão manso...
Pudesse eu repartir-me e encontrar a minha calma dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma!
Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Eu amo, porque amar é variar, e em verdade toda a razão do amor está na variedade... Penso que morreria o desejo da gente, se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente, porque a história do amor pode escrever-se assim:Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho, pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!
Nessa duplicidade o amor todo se encerra: um me fala do céu... outro fala da terra!
Um sonho de Pierrot...
E um beijo de Arlequim!
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