Faz anos que não vou ao cinema, uns cinco ou seis no mínimo.
Não tenho mais a pachorra de ficar atolado por cerca de duas horas numa poltrona. Nem para a espécie de gente que frequenta cinemas hoje: gente que entra em bandos e vai, num primeiro momento, sentando e levantando várias vezes, testando lugares, até que resolvem se sentar, justamente, na sua frente; num segundo momento, começam a comilança, aquela barulheira toda de plásticos - de bala, de pacotes de salgadinhos, de pipoca -, de mastigação, parecem um bando misto de saúvas e mandruvás; quando as luzes começam a se apagar, indício dos trailers, luzes verde-azuladas das telas de celulares começam a espocar no ambiente, acompanhadas de campainhas e barulhos vibratórios... depois de tudo isso, não há filme, por melhor que seja, que valha a pena (na verdade, tenho pouca paciência para o tipo de gente que frequenta o planeta hoje, mas isso já é outra história).
Até porque só há um cinema na cidade de 600 mil habitantes em que moro. Sim, cinema, propriamente dito, só um. O único, inclusive, a sobreviver no centro da cidade, com a verdadeira telona e mais de 700 lugares.
O resto - e aí ultrapassam as quarenta - são salas de projeção ou melhor, celas de projeção embutidas em shoppings centers, outro ambiente que execro.
Às vezes, passo em frente a esse cinemão do centro quando a caminho de casa, o Cine Bristol, inadequadamente rebatizado de Cauim, hoje passei e vi um cartaz de "2012 - as profecias Maias".
Esse tipo de merda vem da esperança do bicho homem de que todos os seus problemas sejam solucionados magicamente, sem esforço, de preferência por um agente externo, de natureza milagrosa, sobrenatural, heroica, intergaláctica.
O homem faz suas cagadas e não tem a capacidade de repará-las ou não quer se submeter aos sacrifícios necessários para tal.
Por exemplo, o embuste do aquecimento global. O problema é a emissão do gás carbônico?
Ótimo. Fácil resolver.
Parem todas as indústrias, e automóveis, e aviões, voltem para a selva, caçar, pescar, plantar o próprio sustento, tudo sem ferramentas, abandonem seus televisores, computadores, celulares, água encanada, sabonete, papel higiênico, beijem suas mulheres sem o amparo de uma pasta de dentes, andem nus e tudo o mais.
A solução é essa, e é simples, mas não há disposição ao sacrifício. Então, fica mais fácil esperar por um fator exógeno, e, aí, esse fator pode assumir várias formas: deus, santos, anjos, profetas loucos, oráculos, discos voadores, etc e etc... cada um com a crença que mais caiba em seu comodismo.
Conheço superficialmente as profecias Maias, que nada têm de originais. Um cataclismo se abate sobre o planeta e a humanidade terá a chance de reiniciar sua jornada de um novo marco zero, purgada, purificada, a partir de meia dúzia de sobreviventes, os eleitos; aliás esse mito dos "eleitos" é recorrente em todas as religiões.
Sempre as religiões... essa espera pelo salvador ao invés de arregaçar as mangas, é, em grande parte, culpa, mais uma vez, do Cristo, esse barbudo filho de uma puta virgem.
Cristo foi a pior desgraça que aconteceu em toda a História Ocidental, ele prega (sem nenhuma intenção de trocadilho) o conformismo, a mansidão, a cordeirice, o dar a bunda a chute. E não me venham com a velha justificativa de que a culpa não foi do Cristo, mas, sim, do que fizeram dos ensinamentos dele, dos que vieram depois e se assenhoaram deles e os disvirtuaram para seus propósitos.
Merda. Pura Merda.
A culpa é do Cristo, sim.
Se eu me dispuser a passar informações a uma tropa de jumentos, tudo o que esses jumentos fizerem com essas informações, não importa se de um modo distorcido ou não, será, sim, responsabilidade minha.
Por isso, me chamou a atenção o cartaz do filme, que mostra uma imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ruindo nas bases e desmoronando rumo à boca banguela da baía de Guanabara. Sou contra hecatombes de qualquer espécie, mas uma que fizesse ruir não só a estátua do Cristo, mas também todo o seu legado, teria meu apoio e simpatia.
A mensagem do Cristo é de mau-gosto, a estátua do Cristo, sei lá pertencente a que movimento arquitetônico francês, é de maior mau-gosto ainda.
Só sei que nada irá acontecer em 2012 (nem o Cristo ruir, infelizmente), na melhor das hipóteses, o mundo continuará na mesma lama em que está.
Tudo isso para dizer que não vou assistir a 2012 - o filme, mas que gostei do cartaz.
Não tenho mais a pachorra de ficar atolado por cerca de duas horas numa poltrona. Nem para a espécie de gente que frequenta cinemas hoje: gente que entra em bandos e vai, num primeiro momento, sentando e levantando várias vezes, testando lugares, até que resolvem se sentar, justamente, na sua frente; num segundo momento, começam a comilança, aquela barulheira toda de plásticos - de bala, de pacotes de salgadinhos, de pipoca -, de mastigação, parecem um bando misto de saúvas e mandruvás; quando as luzes começam a se apagar, indício dos trailers, luzes verde-azuladas das telas de celulares começam a espocar no ambiente, acompanhadas de campainhas e barulhos vibratórios... depois de tudo isso, não há filme, por melhor que seja, que valha a pena (na verdade, tenho pouca paciência para o tipo de gente que frequenta o planeta hoje, mas isso já é outra história).
Até porque só há um cinema na cidade de 600 mil habitantes em que moro. Sim, cinema, propriamente dito, só um. O único, inclusive, a sobreviver no centro da cidade, com a verdadeira telona e mais de 700 lugares.
O resto - e aí ultrapassam as quarenta - são salas de projeção ou melhor, celas de projeção embutidas em shoppings centers, outro ambiente que execro.
Às vezes, passo em frente a esse cinemão do centro quando a caminho de casa, o Cine Bristol, inadequadamente rebatizado de Cauim, hoje passei e vi um cartaz de "2012 - as profecias Maias".
Esse tipo de merda vem da esperança do bicho homem de que todos os seus problemas sejam solucionados magicamente, sem esforço, de preferência por um agente externo, de natureza milagrosa, sobrenatural, heroica, intergaláctica.
O homem faz suas cagadas e não tem a capacidade de repará-las ou não quer se submeter aos sacrifícios necessários para tal.
Por exemplo, o embuste do aquecimento global. O problema é a emissão do gás carbônico?
Ótimo. Fácil resolver.
Parem todas as indústrias, e automóveis, e aviões, voltem para a selva, caçar, pescar, plantar o próprio sustento, tudo sem ferramentas, abandonem seus televisores, computadores, celulares, água encanada, sabonete, papel higiênico, beijem suas mulheres sem o amparo de uma pasta de dentes, andem nus e tudo o mais.
A solução é essa, e é simples, mas não há disposição ao sacrifício. Então, fica mais fácil esperar por um fator exógeno, e, aí, esse fator pode assumir várias formas: deus, santos, anjos, profetas loucos, oráculos, discos voadores, etc e etc... cada um com a crença que mais caiba em seu comodismo.
Conheço superficialmente as profecias Maias, que nada têm de originais. Um cataclismo se abate sobre o planeta e a humanidade terá a chance de reiniciar sua jornada de um novo marco zero, purgada, purificada, a partir de meia dúzia de sobreviventes, os eleitos; aliás esse mito dos "eleitos" é recorrente em todas as religiões.
Sempre as religiões... essa espera pelo salvador ao invés de arregaçar as mangas, é, em grande parte, culpa, mais uma vez, do Cristo, esse barbudo filho de uma puta virgem.
Cristo foi a pior desgraça que aconteceu em toda a História Ocidental, ele prega (sem nenhuma intenção de trocadilho) o conformismo, a mansidão, a cordeirice, o dar a bunda a chute. E não me venham com a velha justificativa de que a culpa não foi do Cristo, mas, sim, do que fizeram dos ensinamentos dele, dos que vieram depois e se assenhoaram deles e os disvirtuaram para seus propósitos.
Merda. Pura Merda.
A culpa é do Cristo, sim.
Se eu me dispuser a passar informações a uma tropa de jumentos, tudo o que esses jumentos fizerem com essas informações, não importa se de um modo distorcido ou não, será, sim, responsabilidade minha.
Por isso, me chamou a atenção o cartaz do filme, que mostra uma imagem do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, ruindo nas bases e desmoronando rumo à boca banguela da baía de Guanabara. Sou contra hecatombes de qualquer espécie, mas uma que fizesse ruir não só a estátua do Cristo, mas também todo o seu legado, teria meu apoio e simpatia.
A mensagem do Cristo é de mau-gosto, a estátua do Cristo, sei lá pertencente a que movimento arquitetônico francês, é de maior mau-gosto ainda.
Só sei que nada irá acontecer em 2012 (nem o Cristo ruir, infelizmente), na melhor das hipóteses, o mundo continuará na mesma lama em que está.
Tudo isso para dizer que não vou assistir a 2012 - o filme, mas que gostei do cartaz.
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