Bukowski, Vida e Loucuras de um Velho Safado

Ao contrário do Rei Roberto, uma das metas de minha vida, talvez a única que tenha atingido, sempre foi, justamente, não ter um milhão de amigos.
Nunca fui muito de amigos, ou os amigos nunca foram muito de mim. Jamais os tive em número superior a dois ou três a cada temporada, ou estágio de minha vida. Por temporada, ou estágio, refiro-me a cada escola, trabalho, cidade ou geração da família pelos quais eu tenha passado.
Desses poucos eleitos - ou amaldiçoados -, a maioria se perdeu na poeira dos anos, virou poeira com os anos (e eu para eles), um outro tanto, jaz conservado em naftalina em velhas e emperradas gavetas da memória, visitadas vem em quando, nos meus Finados existenciais. E quatro, apenas quatro, sobreviveram às separações e às distâncias, enfim, aos trâmites normais da vida. A vida, meus caros, separa muito mais que a morte.
Quatro. Dá pra contar meus amigos nos dedos de uma mão. Até na mão esquerda do Lula.
Por isso, é de surpreender - de me surpreender, ao menos - que, em parcos oito anos de blog, eu tenha feito igual número de amigos virtuais que os que fiz em cinquenta anos de vida : quatro. 
Um de Sorocaba (SP), dois de Belo Horizonte (MG) e um de Garanhuns (PE).
E foi de um deles, um de Belo Horizonte, que recebi um puta dum presentão na semana passada. Uma biografia caprichadíssima do Bukowski, o velho Buk, o velho safado.
O livro é do caralho. À altura do biografado. À altura das loucuras, peripécias e filha da putices do velho Buk.
E para lê-lo a contento, estreei um marcador de páginas que trouxe comigo de minha viagem ao Chile no ano passado. Na verdade, um marcador de páginas adaptado, concebido originalmente para outra função, não menos nobre que a leitura. É uma propaganda de um clube de strip chileno, um bordelzinho básico, dada a mim por um rapaz que as distribuía aos passantes masculinos em uma movimentada rua da capital chilena. Guardei-a. Agora, ela encontrou sua real vocação.
Aposto que o velho Buk aprovaria o uso. Frente e verso.

Mais uma vez : valeu, Cirilo, pelo presentão. Terminei de lê-lo hoje.

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6 Comentários

  1. Interessantíssimas dicas. E nada ver o cu com as calças, mas do espanhol "rojo" é a minha palavra favorita. Melhor que isso só "rubio ".
    " J"

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  2. O que o senhor achou da gravação incriminando o Temer?

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    1. Eu achei excelente! E a contra o Aécio, também. Os dois têm que ir pro xilindró. Assim, quando o Moro engaiolar o chefão, o sapo barbudo, o seboso de Caetés, a canalhada do PT não vai poder ficar com aquela lenga-lenga de sempre que é perseguição com os comunas.

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  3. às vezes eu acho que escreve sobre mim, mas eu nunca tive essa enormidade de quatro amigos. E sim, todos se perderam "nesta longa estrada da vida" (acho que isso dá uma música bem brega, mas bem rica). JB

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  4. O senhor foi nesse "inferno"? Como eram as "diabinhas"?

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