Para o que pensam que eu sou,
E que depois de eu tanto negar em vão que não,
Resolvi fingir que sim,
Sempre houve escola,
Sempre houve diplomação,
Sempre houve concurso público :
Biólogo,
Semiquímico,
Para o que de fato eu sou,
E que depois de eu tanto afirmar em vão que sim,
Resolvi fingir que não,
Nunca houve grupo ou ginásio,
Nunca houve cartilha nem abecê,
Nunca houve colação de grau
E valsa em baile de formatura :
Mentiroso,
Fingidor,
Poeta.
3 Comentários
Demorei a comentar estes versos, pois já os li e reli algumas vezes tentando deles tirar a verdadeira essência de quem os escreveu. A única certeza que ficou é que você é um poeta, um grande poeta, um sofrido e grande poeta.
ResponderExcluirUma vez eu li ou pensei algo assim: eu acredito que sou de um jeito, ma pessoa, as pessoas me veem de outra forma e só Deus sabe a diferença.
Hoje, com uma fé cada vez mais reduzida (e em consideração ao seu total ateísmo), reproduzo a título de comentário final este texto que escrevi em 2019:
Você me enxerga, mas não me vê, Eu me vejo e não me enxergo. Você acredita que eu sou um, Eu penso que sou dois, Mas suspeito que seja três.
Insaníssima trindade: O que você crê que eu seja, O que sei que sou E o que não confesso nem a mim mesmo.
Eu nem sabia da existência dessa data, aí ontem, estava ouvindo uma rádio de MPB de Sorocaba (excelente) e estava rolando uma seleção de músicas do Vinicius, melhor homenagem ao dia, impossível. Então, a ideia do texto, imediatamente, me veio.
ExcluirInsaníssima trindade é bom.
Disse que está com a fé cada vez menor. Como é isso? Dá pra ser meio crente em deus?
É mais ou menos como a situação do cara que cai de um prédio de 50 andares e que quando passa pelo 25º comenta: "Até aqui, tudo bem". Eu preciso d'Ele, mas está cada vez mais difícil esperar por Ele.
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