Assim no Asfalto Como no Céu

Choveu hoje. Choveu bem. Às 04h00. Às 06h00, o sol já nos dava os ares de sua (des)graça. Choveu bem. Choveu na hora errada.
Caísse, a chuva, às 06h00, afugentaria metade dos alunos de cada sala. Uma quinta-feira mais tranquila; melhor : menos turbulenta. Choveu na hora errada : salas cheias. De desinteresse. De desentendimentos. De conflitos.
Vou para a escola a pé. Três, três quilômetros e pouquinho. Em meu calvário rumo ao Calvário - talvez a chuva a se desculpar por ter caído em hora errada -, arcos-íris por todo o caminho. Tanto nos céus como no asfalto.
Nos céus, os mais comuns, os mais notados e festejados. Gotículas de água em suspensão atuando como prismas a dissecar em sete cores a luz que lhes atravessa.


No asfalto, os ignorados, os nem considerados como tais. A decomposição cromática dos óleos caídos dos carros.


Eu vejo arco-íris nos céus, mas eles não estão nos meus olhos. Eu piso em arcos-íris distraído no asfalto, mas eles não estão nos meus pés. 

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