Cláudia Ohana Declara : Eu Raspo a Buceta!

Os prognósticos maias para o fim do mundo em 2012 não se cumpriram. Antes tivessem se.
Pois muito mais triste que a implosão abrupta de uma era, que o estabacar, sem chances de fuga, de uma civilização, é a lenta corrosão e o ruir de seus valores fundamentais, dos sustentáculos que a definiram como tal, dos alicerces que a fizeram figurar, e fulgurar, na fugaz história humana.
Antes uma morte súbita que um definhar anunciado.
Hoje, através do blog do excelente Xico Sá, tomei ciência de mais um desses sinais de um fim do mundo lento, sofrido, sem a menor misericórdia nem morfina para aliviar : Cláudia Ohana raspa a buceta !!!!!
Pããããta que o pariu!!!
Cláudia Ohana, a belíssima Cláudia Ohana, é a musa das matas equatoriais : quentes, úmidas, suarentas, cerradas, quase que impenetráveis - ainda bem que quase. É a diva das matas virgens - e que só a mata seja virgem, por favor. 
Quem é da minha geração - os punheteiros que hoje estão entre os seus quarenta e tantos e cinquenta e poucos anos - jamais conseguiu - nem tentamos, aliás - tirar da mente a imagem da exuberância capilar da buceta da Cláudia Ohana, mostrada pela revista Playboy na já clássica edição de 1985.
Era pelo para tudo quanto é lado, tomando-lhe o baixo ventre até quase o umbigo, alastrando-se pela parte interna das coxas, uma delícia - perto de Ohana, a modelo de Courbet no quadro A origem do mundo era uma jovenzinha imberbe.
Pois agora, em entrevista à Fernanda Lima, no programa Amor & Sexo, Ohana disse que depila direitinho a sua icônica xavasca!!! 
E senti até certo requinte de crueldade na declaração da bela ex-cabeluda : “Acho que muita gente vai ficar frustrada em saber, mas eu me depilo!”   
Frustrado? Frustrado é coisa de viadinho. Fiquei foi broxado, que broxar é coisa de macho!
Disse que depila sem excessos, mas depila. Terá Ohana aderido definitivamente ao hediondo politicamente correto genital, à estética do "limpinho"? Estética que só pode agradar a dois tipos de gente : às senhoras com falsas ilusões de juventude e aos homens com fortes pendores para a pedofilia.
Porque macho das antigas, macho de respeito, gosta mesmo é de um novelo de lã ali posto, de um pulôver a agasalhar o sempre friorento, e à procura de um toca, cacete. Macho de verdade gosta de pelo para se enroscar aos seus pelos (cara que gosta de buceta lisinha, tenho certeza, também depila o saco e o cu), gosta de todas as secreções e viscosidades a se misturarem e grudarem e secarem nos pelos. E tomar banho logo depois, nem pensar, tem que deixar tudo secando ali, marinando, incensando a alcova.
Cláudia Ohana disse que raspa a buceta!!! Meu mundo caiu!!!
Muito desse desastre é responsabilidade dos poderes públicos (ou púbicos?). Há tempos que a buceta de Ohana deveria ter sido declarada Reserva Ambiental da Humanidade. Deveria, inclusive, por decreto federal, por decreto imperial se preciso fosse, ter sido revogada a condição de buceta da genitália de Ohana, deveria ter-lhe sido outorgado, com publicação em Diário Oficial e tudo, o status de Parque Nacional. De vegetação intocável, indepilável.
Tocar em e cortar um único de seus pelos deveria figurar na Constituição como crime hediondo e inafiançável, lesa-pátria, lesa-humanidade. Julgado pela Corte de Haia, pelo tribunal de Genebra. E condenado sumariamente.
Onde estão as chatíssimas eco-ONGs numa hora crucial como essa? Cadê a WWF, o Greenpeace, cadê o SOS Mata Atlântica? Salvando as baleias, os ursinhos pandas, os micos-leões-dourados? As oncinhas-pintadas, os coelhinhos peludos, as zebrinhas listradas? Ora, vão se fuder!!! Que, pelo visto, na face da Terra só buceta depilada é que vai ter.
Digo mais : um régio decreto, com direito a arauto a anunciá-lo em praça pública, deveria ter sido emitido, revogando a condição de Ohana como mulher. Ela deveria ter sido elevada à categoria de uma força da natureza, de uma ninfa dos bosques escuros, de uma elemental das matas : uma espécie de Curupira, uma zeladora da densa vegetação.
Cláudia Ohana deveria constar, igualmente, das páginas da Playboy e das do Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo.
Mas agora é tarde. Ainda que a bela Ohana resolva reconsiderar sua fatídica decisão e deixar de novo a mata crescer livre, nunca será a mesma coisa. A cobertura vegetal original nunca se reconstituirá, crescerá ali uma mata secundária, que, ainda que vicejante, jamais será tão portentosa.
Cláudia Ohana não faz mais jus à Cláudia Ohana. O objeto não faz mais jus ao mito. Normal, é o que sempre acontece, a carne cansada enverga ao peso do mito, arrefece, joga a toalha. Normal, mas não deixa de ser triste.
Eu, de minha parte, ainda farei à Cláudia Ohana uma última e justa homenagem, como venho fazendo, em todo o primeiro dia de cada mês, na minha série de postagens Uma Elegia à Cláudia Ohana. Far-lhe-ei uma derradeira loa. Para, depois, nunca mais falar dela.

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7 Comentários

  1. Azarão, escreva um artigo contando-nos como é chegar aos cinquentinha.

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    1. Assim que eu chegar, eu escrevo. Se, antes disso, quiser saber como é chegar aos quarenta e tantos, é só mandar a irmã pra cá, que depois ela te conta.

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  2. "Deveria, [...] por decreto imperial se preciso fosse, [...] deveria ter-lhe sido outorgado, com publicação em Diário Oficial e tudo, o status de Parque Nacional"
    Puta que paril... Que texto do caralho. Continuas foda meu caro. Desde meu tempo de aluno.

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  3. Um dos três que conheceu a casa de Azarão em uma segunda feira

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