Tá Todo Mundo Louco! Oba! Tá Todo Mundo Louco!

Quem lê o Marreta de vez em quando sabe do meu desprezo por todos os psicocharlatães, os ólogos, os eutas e os atras. Todos esses empoados que dizem entender da mente humana, que dizem conhecê-la e - que filhos das putas - até curá-la.
Nem do corpo sabem, nem do que é palpável e mecânico. O que dizer, então, dos meandros e labirintos da mente, cada qual com seu Minotauro feito em zelador? Farsantes.
Desses, sem dúvida, os psiquiatras são os mais perigosos, pois, com suas insígnias de James Bond, têm licença para matar, digo, para medicar.
Em conluio com os grandes laboratórios, gerem uma das máfias mais organizadas e rentáveis desse planeta de máfias, a da indústria farmacêutica. O psiquiatra inventa a doença, os laboratórios, o remédio. Creio até ser o contrário : os laboratórios criam uma droga que supostamente combateria um quadro de sintomas, o psiquiatra dá um nome pomposo qualquer a tal quadro - síndrome disso, distúrbio daquilo - e convence as pessoas de que elas são portadoras dele, o psiquiatra vende a doença ao paciente, juntamente com o remédio.
Nada de mais, aliás. É uma indústria como qualquer outra, a vender coisas supérfluas. Modelos novos de carros, roupas, computadores, celulares, televisões etc são criados a cada ano - até várias vezes ao ano - e enfiados goela abaixo de um consumidor cada vez mais retardado e glutão por novidades.
Por que não o mesmo com as doenças? O distúrbio do ano, o transtorno da estação outono-inverno. E que melhor doença para ser inventada que a impossível de ser detectada em exames laboratoriais, de ressonância, ultrassom, laser e que tais? Que melhor embromação que as doenças psicológicas, psiquiátricas e outros psicoembustes?
E as pessoas anseiam por novas doenças como anseiam pelo lançamento de um novo smartphone, acham chique ter a doença da moda, a do personagem da novela. Em certos meios, quando a pessoa fala que foi diagnosticada com transtorno bipolar, ou síndrome do pânico, ou déficit de atenção, ela é olhada com certa inveja, com reverência, até; dá-lhe status.
Assim, a Associação Americana de Psiquiatria lança, de tempos em tempos, edições atualizadas do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, em sigla inglesa), que define que comportamentos são normais e quais são doentes, é a chamada Bíblia da psiquiatria; quão oportuno o nome, já que tão fantasiosa e enganadora quanto.
 Lançada ontem, a nova edição do DSM passa a classificar diversas atitudes e sentimentos até agora considerados normais como doenças mentais. Dentre um desfile de absurdos, uma nova doença mental me chamou a atenção.
É o transtorno chamado, em inglês, de "skin-picking", que consiste em cutucar a pele constantemente, o que resulta em ferimentos leves, pequenas escoriações, arranhadelas. A nova "doença" foi incluída no capítulo sobre transtornos obsessivos-compulsivos. Nada mais é que o cara que cutuca os cantos dos dedos, tira uns fiapos de pele, arranca umas cutículas, distraídamente.
Eu faço isso! Sobretudo quando estou concentrado em alguma atividade mental, distraio-me e cutuco os cantos dos dedos; às vezes, sentado ao sofá, também cutuco o calcanhar e retiro alguns excessos de queratina do casco grosso, que só duas coisas engrossam no velho, o nariz e o calcanhar. Sou louco, então?
O curioso é que o DSM, até a década de 1970, classificava o homossexualismo como um distúrbio mental, hoje não o classifica mais. Hoje, o furor na argola é considerado um comportamento absolutamente normal.
Vejamos se entendi.
Quer dizer que gostar de um tarugo de carne de 20 cm de comprimento por mais uns tantos de diâmetro lhe rasgando as paredes intestinais, fazendo-o cagar pra dentro e lhe dando uma surra, um cacete (literalmente) na próstata, glândula das mais sensíveis e mais propensas a um tumor, dá ao sujeito um certificado de plena sanidade mental? Ter prazer em ser seviciado confere um diploma de mens sana ao entubador de brachola?
E aquele que arranca uma pelezinha aqui, outra ali, recebe o atestado de transtornado mental, a carteirinha de louco de pedra?
Pããããããta que o pariu!!!
E qual seria o genial "tratamento" a nós destinado? Calçar-nos luvas de boxe, devidamente presas com cadeados? Ou, quem sabe, pôr-nos uma daquelas focinheiras a la Hannibal Lecter, já que alguns de nós também se valem dos dentes para o "autoflagelo"? E, óbvio, tarja preta, muito tarja preta, que é o objetivo primeiro disso tudo.
E para o cara que curte ser empalado, o médico prescreve o quê? Só um pouquinho de KY. Nem uma rolha de cortiça no cu? Sacanagem. Isso é sacanagem!!!
Essa história me lembrou uma piada.
O viadinho tava lá, de quatro, levando uma surra de vara nervosa, e o cara que estava fazendo o favor, enquanto comia o viadinho, roía as unhas e as cuspia para longe, roía as unhas e cuspia, roía e cuspia. Aí, o viadinho olhou para trás e disse : que mania feia, essa sua! No que o cara respondeu : tá, bonita é a sua, né?
Pãããããta que o pariu, de novo!!!
A esses psiquiatras idiotas, o conto O Alienista, de Machado de Assis, deveria ser leitura obrigatória. Simões Bacamarte com PhD, é o que são esses crápulas.
Fonte : BBC Brasil

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1 Comentários

  1. ''A esses psiquiatras idiotas, o conto O Alienista, de Machado de Assis, deveria ser leitura obrigatória.''
    Pode apostar que o considerariam louco, ou com TOC, transtorno bipolar, ou qualquer coisa do tipo.

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