Padre Venezuelano Entrará Para os Alcoólicos Anônimos

A Venezuela pós-morte de Hugo Chaves, atualmente sob o comando de Nicolás Maduro, passa por um de seus mais difíceis períodos de recessão econômica. Maduro reconheceu que o país enfrenta uma crise de abastecimento, em que os víveres básicos ao consumo começam a rarear, arroz, feijão, batata, carne, leite, açúcar, óleo de cozinha, e até o redentor de todas as horas, o papel higiênico, item para o qual já se providenciou uma grande importação.
Diante deste quadro de um quase apocalipse bíblico, o Monsenhor Roberto Lucker, diretor de comunicação da Conferência Episcopal Venezuelana, veio a público externar toda a sua consternação, revelar sua profunda apreensão em relação ao momento, manifestar uma preocupação legitimamente cristã e humanitária : caso a crise não seja urgentemente solucionada, faltará vinho para a celebração das missas.
O país sem arroz e feijão para comer, de cu sujo e a Igreja se preocupando com o estoque da birita. Bem católico, mesmo.
A coisa é séria, garante o monsenhor. O estoque de vinho está se esgotando, e o único fabricante do país está enfrentando problemas em seu sistema de produção. 
"As reservas estão acabando. Teríamos que importar o vinho, mas não temos dólares para isso. O vinho armazenado dá apenas para mais dois meses", disse o monsenhor.
Um estoque de birita para mais dois meses e o cara já está preocupado? Esse entende realmente do santo ofício. Esse, como diria o saudoso Mussum, é do sindicatis.
Mas o que é isso, monsenhor? Onde está a sua crença no Senhor e em Sua divina providência? Cadê a sua fé no milagre do transubstanciação?
Transubstanciação é o fenômeno através do qual qualquer substância ingerida por um católico, desde que com muita fé no Senhor, transforma-se no corpo, carne e sangue de Cristo. 
Sem abordar agora o canibalismo explícito do ato, é o que acontece, dizem, com a hóstia consagrada ao ser ingerida em comunhão; feita com água e farinha, torna-se na carne de Cristo. Teoricamente - isso lá pela "teoria" deles -, ela poderia ser feita de qualquer outro material. Ingerida com fé, em corpo de Cristo se torna. O mesmo vale para o vinho, que se transmuta no sangue do Nazareno.
Pois estenda a sua fé, monsenhor, intensifique suas orações nesse momento de provação. Uma vez que, em presença da verdadeira fé, tudo vira corpo e sangue de Cristo, substitua o vinho da missa por uma cristalina água mineral e a beba em comunhão com o Cristo. Quem sabe ela não se verte no mais licoroso dos vinhos? Mantenha a sua fé, monsenhor, não é hora de fraquejar frente ao mundano.
Caso sua fé não seja o bastante, ou o objeto dela não seja eficiente, ou existente, ou esteja cagando e andando para a sua episcopalidade e para a sua crise de abstinência, paciência, tenha muita paciência. Onde a fé falha, só nos resta a paciência.
Um dia de cada vez, monsenhor. Só por hoje.

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