Vacinando o Raul

Sou analfabeto em teoria musical, não sei diferenciar uma nota dó de uma si e nem suspeito de como se elabora um arranjo, uma harmonia, etc etc; igualmente, o português é o único idioma no qual me comunico. Assim, nunca fez sentido que eu gostasse de música estrangeira, e não gosto mesmo. Sem nenhum exagero, posso me declarar xenófobo no concernente à música.
Só duas vozes alienígenas saem, vez em quando, de meu toca-CD : Frank "The Voice" Sinatra e The Doors. Não possuo LP, fita K-7 ou CD com nenhum outro material estrangeiro que não o Frank e o Jim.
Não obstante, abri uma exceção nessa semana. Vi uma propaganda do lançamento do "Classic Rock", uma caixa com 3 CDs, da Som Livre, reunindo os clássicos do rock, anos 70 e 80. Achei a coleção na internet e já baixei e gravei, por dois motivos.
Primeiro que clássico é clássico, e isso ainda é uma das poucas coisas que respeito, sobretudo que são rocks de uma época em que machos faziam rock. Não esses Emos de hoje, esses viadinhos de cabelo colorido, com cara de cu, cheios de piercing e alargadores de orelha - o cara começa a alargar o lóbulo da orelha e logo, logo, está alargando o cu.
O rock clássico, o verdadeiro rock - não importa o idioma em que é cantado - sempre foi feito com o único e nobre objetivo de arrebanhar bucetinhas, e são dessa saudosa época os rocks dessa coleção. Têm lá, Rush, Marillion, Twisted Sister, Peter Frampton, Scorpions, Yes, Whithsnake e outros.
Segundo motivo é que estou empenhado numa campanha diária de vacinação do meu filho contra as merdas musicais de hoje em dia, estou tentando imunizá-lo contra música baiana, emo, pop e do temível sertanejo universitário. E esses clássicos do rock serão parte importante dessa imunização.
Fui negligente nesse ponto com o Raul, achei que pelo simples fato dele ter meu código genético, estaria totalmente protegido contra essas porcarias todas. Enganei-me. Será necessário mais.
Dia desses, estava com ele na sala, televisão ligada, meio distraído, e passou lá uma propaganda dessas duplinhas metidas a sertanejas, viados country. E não é que o menino, inocente, levantou e agitou os bracinhos ao som daquela merda? Alarmei-me.
Minha esposa disse que talvez ele escute isso lá na escolinha em que fica meio período. Contou-me que, em certa ocasião, ligou para orientar as "tias" a respeito da administração de um remédio ao Raul e ouviu um hediondo sertanejo universitário ao fundo. Não soube dizer se aquilo estava sendo posto para a criançada escutar ou se era apenas na sala das professoras. Pouco importa, essas desgraças voam longe, contaminam todo o ambiente em redor.
Aliás, revoltam-me essas pessoas que se dizem professoras e educadoras, balzaquianas já com prazo de validade a vencer, ouvirem tais excrescências, muitas, inclusive, vão aos shows dar seus gritinhos histéricos quando esses afeminados entram em cena. Na minha época, os professores, grande parte deles ao menos, recomendavam-nos Chico Buarque, Milton Nascimento, MPB4... O nível das tais educadoras está um horror, praticamente  umas semianalfabetas sem a menor cultura. Antes a escola ajudava na educação; hoje, ela briga contra.
Voltando ao assunto, comecei imediatamente minha campanha de vacinação caseira do Raul. Todas as tardes, depois que ele acorda de seu soninho, eu ponho algum rock para tocar. Ira, Barão Vermelho, Titãs, Raul Seixas, já pus também Oswaldo Montenegro, Engenheiros do Hawaii e Ultraje a Rigor, de quem ele pareceu gostar mais. Toda tarde rola um rockzinho básico para protegê-lo, ativar lentamente seus anticorpos do bom gosto.  E hoje começarei a tocar para o Raul os clássicos dessa coleção da Som Livre.
Bobeei, sim, fui ingênuo, confiante demais, mas ele está com apenas um ano, ainda dá tempo dele ser imunizado. E será. Está sendo.
Viva o Rock.
E viva o Raul !!!

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