Cala a Boca, Chico

Chico Buarque, até o álbum "Paratodos" (1993), é o maior compositor/letrista de toda a história da MPB. Morro de inveja de centenas de seus versos, sobretudo as letras feitas para teatro. Não há outro que sequer se equipare a uma "Construção", "Eu te amo", "Maninha", "Trocando em Miúdos", toda a "Ópera do Malandro", "Pedaço de Mim", "O Meu Guri", "Bastidores", "Deus lhe Pague" etc etc, músicas que até hoje, depois de ouvidas centenas de vezes, causam-me arrepios cerebrais, cutâneos e de alma. Viva o Chico letrista.
Chico ou se cansou da canção ou a canção, de Chico; as letras das músicas começaram talvez a se tornar insuficientes para a expressão de suas ideias, ou exigentes demais. E Chico pendeu para a literatura. Já escreveu quatro romances, "Budapeste" (o terceiro livro) é um bom romance com sacadas interessantes, não de gênio como era de seu feitio na música, mas interessantes; "Leite Derramado" também me parece ser um romance simpático, embora - e aí a culpa não é do Chico - eu tenha começado a lê-lo algumas vezes e empacado; os dois primeiros livros, "Estorvo" e "Benjamim", são dispensáveis. Chico faz um servicinho competente como literato, nem podia ser diferente com o conhecimento da língua que possui, mas não traz grande contribuição à literatura. Mantenha-se o Chico escritor.
Agora, o Chico político é um desastre. Foi alçado a um dos cânones da luta contra a ditadura sem nunca tê-lo sido, ficou um tempo autoexilado em Roma (lugarzinho ruim para um exílio, né?), defendia e glorificava o regime de Fidel Castro em Cuba, uma ditadura.
Diz que lutava contra uma ditadura, a brasileira, uma pseudoditadura - alguém já viu uma ditadura com vários "ditadores", uma ditadura que patrocinava a indústria nacional de cinema, EMBRAFILME, onde reinavam os esquerdistas? Ou uma ditadura que permitia eleições secretas para munícipio e deputância? -, e defendia uma real ditadura, a cubana.
A família de Chico tem histórico de desastres políticos, Sérgio Buarque de Holanda, seu pai e inigualável historiador de "Raízes do Brasil", foi um dos fundadores da quadrilha do PT junto a outros intelectuais como Hélio Bicudo e Eduardo Suplicy; o pai de Chico prestou esse grande desserviço político ao país. Cada vez mais chego à conclusão de que não há nada mais burro que um intelectual.
E agora vem Chico e declara seu apoio a Dilma Rousseff. Da candidata, Chico diz que é uma mulher que nunca teve medo de nada. Bom, se eu estiver empunhando uma metrallhadora de uso exclusivo das forças armadas, roubada de um armazém do exército, poucas coisas são capazes de me meter medo.
O que Chico sabe realmente da verdadeira luta de classes, dos trabalhadores? E mesmo Dilma, o que sabe? Os dois são e sempre foram elite, nasceram elite. Artistas deviam abrir a boca tão-somente para cantar. 

Cala a boca, Chico.
Morra o Chico político.

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