Universo Dorminhoco

Eu sempre quis ser superalgumacoisa,
Voar,
Saltar prédios, ter punhos de granada,
Lançar raios,
Erguer toneladas.

Na madrugada, meu filho chora.
Medo, dor, fome, pesadelo?

Mais rápido que uma bala, eu acorro a seu berço.
Ergo-o e o trago ao meu peito raquítico,
Que a ele deve parecer mais forte que uma locomotiva.
Seu choro vai minguando,
Seus músculos vão se deixando esparramar sobre mim,
O coraçãozinho diminui a marcha,
E, daí a pouco, o pescocinho tá mole-mole,
A cabecinha a pender em meu ombro esquerdo,
Babando de tranquilidade.

Continuo sem lançar teias
Ou expelir garras de metal do dorso das mãos.

Só que todas as noites,
Eu socorro, apaziguo,
Recoloco em órbita
E ponho para dormir um Universo.

Jamais supus tamanho poder.

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