Plantas Carnívoras

Arremesso
(na madrugada calada, para que você leia logo pela manhã)
Um buquê de palavras em seu alpendre,
Quiçá na soleira de sua porta,
Se boa se mostrar minha pontaria
Ou o rum autorizar minha precisão.

Não de palavras-margaridinhas-do-campo,
Viçosas, orvalhadas, em botão.
Sim um buquê de palavras feito aquelas orquídeas exóticas,
De odores fétidos,
Sabendo a excremento, a esterco, a coito anal.


Você as tomará nos braços, cingidas aos seios,
Torcerá o nariz ao seu futum
(Que lhe lembrará sovaco mal-lavado)
E irá me maldizer um pouco.

Mas não as porá à sua calçada,
Ao lado de seu lixo reciclável.
Depositará minhas palavras,
Para que elas não ressequem e despetalem,
No empoeirado jarro de vidro em sua estante
Ou no empoçado da pia da cozinha,
Junto à sua louça suja.

E ali as deixará.
A exalar antigos bailes,
A recender velhas possibilidades.

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