Pequeno Conto Noturno (11)

- Você disse mesmo o que eu ouvi? - Olga a Rubens.
- Sim.
-Então diz de novo.
- Pra quê? Vai significar a mesma coisa.
- Não vai, não. Eu não estava esperando, ficou igual a quando a gente põe um pedaço de chocolate na boca para ir derretendo bem devagar e, sem querer, acaba meio que engasgando e engolindo tudo de uma vez, não dá pra sentir o gosto direito. Fala de novo para meus ouvidos mastigarem cada sílaba, lentamente.
- Não sei se vou repetir, primeiro porque já disse e você bem o ouviu, e ademais perde um pouco o sentido quando não estou de pau duro e com você pulando em cima.
- Ainda assim quero que repita - e Olga sai de cima de Rubens, desacoplando o resto do pau murcho de dentro de si.
- E por quê?
- Porque sei que te causa um certo desconforto.
- Não seja por isso - diz Rubens -, pode me queimar com a ponta do seu cigarro aceso ou apertar minhas bolas.
- Não me interessa o teu desconforto físico, sara logo. Vai dizer ou não?
- Vai lá, pega a vodka no congelador - protela Rubens.
Rubens sempre pede às mulheres que busquem a bebida, gosta de vê-las por trás. Olga tem peitos pequenos, de mamilos azeitonados, e um belo e enorme rabo, com um rego fundo e confortável a desenhar acentuadamente o contorno das nádegas; cobertos de penugem descolorida por água oxigenada, o rego e as nádegas.
- Toma - diz Olga de volta -, pus um pouco de água tônica e limão, que dessa merda eu não tomo pura. Vai repetir ou não?
- Vou, mas e se eu te disser que isso não me causará nenhum desconforto ou aflição?
- Não vou acreditar, sei que te causará.
- E se não causasse?
- Aí não me interessaria ouvir de novo - Olga toma a mão de Rubens e a põe entre suas pernas, bem direcionando o dedo médio dele.
- Gosta de me ver sofrendo, é isso? - pergunta Rubens.
- Não, mas saber que sofrerá para me dizer dá mais credibilidade à tua fala e, é verdade, um tantinho de prazer pra mim.
- Certo - pondera Rubens -, mas proponho, então, uma troca de desconfortos.
- Lá vem...
- Interessada ou não?
- Tá, eu topo, pode dizer - e Olga sente o dedo de Rubens afundar-se.
- Repito o que eu disse e você retribui com algo que também te aflija, quase te penalize.
- E o que seria? - pergunta Olga, voz oscilando entre a apreensão e a excitação.
Rubens lhe cochicha ao ouvido o objeto da barganha, exatamente o que Olga sabia que iria ouvir, e tira o dedo melado de dentro dela.
- Vou repetir: eu te amo, Olga.
- Outra vez - pede Olga - e mais devagar.
- Eu te amo.
- Engraçado... - diz Olga, com certo desapontamento na voz.
- O que foi, agora?
- Sei lá, acho que não consegui aproveitar o teu sofrimento o quanto tinha imaginado.
- Pois te garanto que eu vou aproveitar muito bem o seu.
- É?
- É. Pode ir virando de bruços e arrebitando bem esse cuzinho.

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