Nós Quem, Cara-Pálida?

Conta-se uma história na qual Zorro e seu companheiro pele-vermelha, o Tonto, viram-se emboscados por centenas de índios, das mais variadas tribos do velho Oeste Americano. Após analisar todas as possíveis rotas de fuga e não achar nenhuma, Zorro teria dito a Tonto: "É, Tonto, dessa vez nós vamos nos fuder". Ao que Tonto teria respondido : "Nós quem, cara-pálida?"
Pois bem! A Educação do estado de SP está em greve, de novo. E de novo para o mesmo: nada conseguir ou, no máximo, conseguir o que já foi previamente acordado entre sindicato e governo do estado na calada da noite.
Porém a pergunta é: quem da chamada Educação está em greve? Ou melhor, a quem da Educação está sendo vantajoso estar em greve nesse momento?
Essa greve, iniciada na sexta-feira (05/03), mais uma vez não foi planejada e tampouco deflagrada pelos professores, elas nunca são. É um erro, no entanto, eximí-los de culpa. Os professores têm a mais pesada das culpas, que não é a de quem arquiteta e, sim, de quem segue burramente o rebanho. O professor têm culpa pela sua burrice, de não ser capaz de exercer o espírito crítico que tanto cobra de seus alunos.
O professor é sempre manipulado, serve sempre de bucha de canhão nesses movimentos reivindicatórios. Via de regra, é usado pela APEOESP, o sindicato dos professores do estado de São Paulo, que, é bem verdade, também está a dar as caras pelas escolas nesses dias, à cata de novos adeptos para a greve e novos associados para os seus quadros (principalmente isso).
Algo, porém, mostrou-se diferente nessa greve desde o seu início, algo estava a cheirar pior que o costume, por costume já não tão cheiroso.
Sempre houve, por parte das direções de escola, uma pressão muito grande em todas as greves anteriores no sentido de inibir a adesão do professor, ameaças veladas sempre foram feitas aos montes.
Nessa greve, o inverso tem se revelado. Há uma coação explícita dos diretores para que os professores entrem em greve e isso estava a me encafifar desde a sexta-feira.
Hoje, fato ou boato, a explicação surgiu na forma de um comentário trazido de outra escola : teria havido, antes do dia 05/03, uma assembleia a reunir apenas diretores de escola e nela se teria decidido pela deflagração da greve, decisão dos diretores, portanto.
Mas para eles não figurarem nos meios de comunicação como os responsáveis pelos transtornos que toda greve causa, resolveram, os diretores, posar de politizados e amigos do professor, dando o "maior apoio" para a professorada entrar em greve. Quando aparece algum pai para saber das coisas, lhe é dito que a greve foi decisão da maioria dos professores e o diretor tira o rabo dele da seringa, hoje mesmo presenciei uma cena dessas.
E o professor embarca feito um idiota nessa, acredita mesmo que é ele a conduzir a greve e pior, que está a mudar algo.
Um parênteses : não é só pela sua burrice ou ingenuidade que o professor abraça a greve, por detrás de cada decisão de adesão há um motivo pessoal alheio à Educação. A exemplos, o professor entra em greve para ir passear no shopping, ir à academia, ao clube, ao cabelereiro, cuidar de seus afazeres pessoais e até, os que trabalham na rede particular, usar esse tempo vago para umas horas extras e ganhar mais do que se estivessem trabalhando no Estado naquele momento. O professor é burro, sim, mas não é merecedor de pena ou compaixão.
Eu não entrei em greve. Nem vou entrar. Greve é coisa séria, é uma pequena guerra, e eu é que não entro numa guerra ao lado de um exército tão estropiado como a classe professoral, perto dela o Exército de Branca Leone é um primor de organização e disciplina. Mereço, no mínimo, compor as fileiras dos 300 de Leônidas (sem a parte da pederastia, é claro), por menos que isso, eu nem desembainho minha espada.
Perguntaram-me, hoje, se eu não tenho ideais; eu tenho, mas os meus, não os do coletivo. O chamado idealista é o cara que se pauta por ideais ditados por outrem como se por ele próprio fossem, o ideal coletivo é a maneira do burro se sentir parte de um todo pensante. Tô fora dessa suruba.
Bom, primeiro foram os sindicatos a usar os professores para suas politicagens, agora são os diretores. Quem virá depois? A turma da secretaria, o pessoal da limpeza, o cara da cantina, o rapaz do xerox? Não sei. Mas garanto uma coisa: o professor servirá muito bem a todos eles com a sua burrice.
Por isso, quando alguém ou algum conhecido me pergunta se "estamos" em greve, eu logo peço que ele me esclareça : nós quem, cara-pálida?

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