Não se Afobe, Não; Que Tudo é Para Nunca

Te amo.
E não podemos nos amar.

Te amo.
E seguirei assim
Até que a morte
Decomponha não só a minha carcaça
Mas também o meu sonho de,
Te amando,
Poder te amar.

Te amo 
E não podemos nos amar.
Que outras desculpas
Queres que eu te peças?

Te amo
E não podemos nos amar.
Quanto mais queres ainda
Que eu inflija chagas penitentes aos meus joelhos?

Te amo
E não podemos nos amar.
Que castigo
Que punição
Maiores que esses?

Te amo
E não podemos nos amar.
Precisas 
- não bastasse -
Tratar-me com tanto desprezo,
Desdém,
Com tanto silêncio?

Te amo 
E não podemos nos amar.
Por que tanto ressentimento,
Revanchismo,
Contra mim,
E não contra a falácia
Que te inculcaram
Sobre o livre-arbítrio?

Te amo 
E não podemos nos amar.
Os sentimentos,
As vontades,
Habitam nuvens na estratosfera;
As ações, os atos possíveis,
Em brejos de piche
E de areia movediça.

Te amo
E não podemos nos amar.
Por que,
Então, 
Juíza monocrática,
Não aceita meus álibis?
Não consideras, ao menos,
Os meus atenuantes?

Por que não dizes,
Vez em quando, 
Mesmo que em anos bissextos,
Que também
Loucamente
Me amas?
Embora não possamos nos amar?

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