Abulia

Ter umas boas ideias
(e ainda as tenho)
Já não me deslumbra,
Não me enche de júbilo,
Não faz correr de novo heroína pelas minhas veias.

Moldar-lhes com o barro cru das palavras desencontradas
E, com meu sopro divino,
Dar-lhes as belas formas de um texto
Já não me proporciona nenhum tipo de satisfação,
De alegria (ainda que nuvem passageira),
Não põe mais um travesseiro de Vicodin nos meus músculos, articulações e angústias.

Perdi o tesão pela caneta;
Pelo teclado, então, nem se fale... mais ainda.

Aliás, por todas as coisas.

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2 Comentários

  1. Cara, só você mesmo para usar “abulia” como título de um texto-poema que traduz e decompõe exatamente o sentido da palavra. É por esse tipo de coisa, pelo uso certeiro de palavras refinadas e distantes do linguajar do dia a dia que eu realmente, sinceramente, sinto admiração por você.

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    1. Rapaz, tô felizão aqui pelo elogio! E saiba (você já sabe) que a admiração é recíproca. Tanto que, ontem, eu e o GRF lhe prestamos uma homenagem. O texto está quase pronto. Provavelmente amanhã, mais para a hora do almoço, ele será publicado.

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