A Vantagem de ser Bandido no Brasil (2)

O Dia dos Mortos, no México, comemorado em todo 2 de novembro, é a ocasião em que o fino hímen que separa a dimensão dos vivos e a dos mortos se desfaz e as almas dos defuntos podem circular de volta pela Terra e visitarem os parentes. É um tipo de saída temporária do Inferno para rever os entes queridos, muito parecido com os famosos "saidões" de natal, ano-novo, dia das mães etc dos nossos presídios.
No Brasil, também há uma espécie de Dia dos Mortos, em que cadáveres saem de suas tumbas e voltam a transitar por entre o povo. Porém, o Dia dos Mortos por aqui só acontece a cada quatro anos. Nos anos de pleitos eleitorais.
Quadrienalmente, três meses antes das eleições, deputados estaduais, federais, senadores  e toda a sorte de patifes saem dos sepulcros de seus gabinetes, onde ficam tramando maracutaias e enchendo o cu de dinheiro público, e voltam a circular por entre o povaréu à cata de votos.
Neste ano, contudo, o Dia dos Mortos brasileiro contará com um atrativo a mais. Não será apenas a volta dos mortos-vivos. Será também o retorno triunfal dos presos-vivos.
Em dezembro de 2021, a politicalha brasileira recebeu um puta dum presente de Natal da corriola do STF : a extinção de 277 anos e 9 meses de penas que a valorosa Operação Lava Jato infligira à bandidagem do auxílio-paletó. Com isso, um sem-número de ex-presidiários foram tornados, de novo, elegíveis.
Uma legião de presos-vivos poderá voltar à vida pública e ser eleita ou reeleita. E será, claro. Pois o povinho que vota nesses condenados não é nada diferente deles. As bolas esquerda e direita do mesmo saco, os políticos corruptos e o povo.
Entre os mais famosos, tiveram suas penas anuladas os seguintes modelos de honestidade : Lula, uma condenação de oito anos e 10 meses pelo caso Triplex e outra de 17 anos no caso do sítio de Atibaia; Eduardo Cunha, uma condenação de 24 e outra de 14 anos; Sérgio Cabral, 14 anos de sentença; o também ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves, 8 anos; Antonio Palloci Filho, 12 anos e 2 meses; João Vaccari Neto, não achei a duração da pena, e uma porrada de outros.
Além disso, ações que tramitavam contra políticos ainda não condenados também foram anuladas. São os casos, a exemplos mais célebres, de Michel Temer, acusado de corrupção nas obras da construção da Usina de Angra III; de José Serra, investigado por corrupção passiva e lavagem no valor de R$ 27,5 milhões oriundos da Odebrecht; e de Geraldo Alckmin, o parzinho romântico de Lula para as próximas eleições, que era alvo de investigação com base na delação de um executivo da Ecovias que relatou recebimento de R$ 3 milhões nas campanhas de 2010 e 2014.
Muitos desses e mais uns tantos menos notórios estarão de volta às urnas em outubro de 2022.
Aqui, o cara que rouba dinheiro público é agraciado com o direito adquirido de continuar a roubá-lo. Agraciado pelo STF e pelas urnas, pela nossa população de "gérsons".
Aqui, o bandido nunca perde.

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5 Comentários

  1. Falei com um colega esses dias que foi para o Reino Unido na famosa onda da "fuga de cérebros" e perguntei a ele como andavam as coisas por lá. Ele me respondeu de que de veterano passou a novato e iria passar por uma longa adaptação na nova instituição. Com certeza, é mais fácil um brasileiro sério se acostumar ao "jeitinho britânico" do que o oposto.

    Enfim, mais um dia no país do funk, da putaria, dos esquerdistas de iPhone, da "passação" de mão em cabeça de vagabundo.

    Falando do outro post, não é que outro dia estava a fazer as minhas compras semanais e encontrei uma famigerada lata de Cabaré perdida? Só havia duas e o preço estava meio salgado (R$4,30), mas a maioria das cervejas eu compro para experimentar uma única vez.

    Não é uma maravilha e nem repetirei, mas a experiência não foi tão ruim. E que fique claro: sou um pseudo expert no assunto. Sem frescura, pode ser por causa da fábrica de onde vieram as latas que comprou. Se bem que você as degustou em um local não muito longe daqui. Logo, devem ser exatamente da mesma procedência.

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    1. Mas ainda é mais fácil um britânico tranqueira se adaptar ao jeitinho brasileiro. Eu conheci um inglês que veio passar aqui o carnaval de 1995 e nunca mais voltou. Ele dava aulas de inglês numa escola em que eu lecionava e dava para ver que era o típico malandrão, aquele cara folgado, sempre tentando tirar vantagem em cima dos outros, chegava direto atrasado nas aulas, faltava sem avisar etc. Ele vivia falando que tinha achado o paraíso, que nunca mais voltaria para a Inglaterra.
      Enquanto cérebros, como o seu amigo, vão para a Inglaterra, os cuzões de lá vem para cá.

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    2. Bem lembrado, meu caro. Mandaram para cá a nata da Europa para povoar essa terra de merda desde a época do Brasil colônia: prostitutas, assassinos e criminosos da pior estirpe. E hoje estamos nessa.

      Deus brasileiro? Mais uma prova de que não existe para mim. Ou talvez tenha se abrasileirado como seu colega inglês e o português Jerônimo de "O Cortiço".

      Isso me lembra de Ronald Biggs e seu status de celebridade enquanto vivo. Só mesmo o brasileiro para cultuar bandidos, vagabundos e aqueles que nada produzem.

      Já cansaram de me dizer: se não está satisfeito, vá embora. Olha, até já sai de vários lugares onde o mote era esse. Mas me acovardo um pouco em fazer a mesma coisa que o meu colega e recomeçar do zero. Vida que segue.

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  2. Rapaz, você me enganou direitinho, sem ter a intenção de, é claro. Seu texto é muito parecido com os textos de uma velha amiga minha que há tempos não vejo, foi morar fora etc.
    Aquilo de cada um ser uma peça dessa torre de babel é a cara dela!
    Você ainda é mórmon?

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    1. Pois é... Desculpe. A intenção jamais foi essa. Pode continuar pensando que foi dela. A mim não faz diferença e para você é melhor a ideia. Rsrs...
      Eu tenho esta conta nova que fiz, assim que troquei de celular, pois os 15 gigas grátis da outra estão sempre acabando. Só preciso lembrar de comentar sempre com a anterior, senão as pessoas não saberão que sou eu.
      Fabiano

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