Cerveja-Feira (43)

Se Jair Messias Bolsonaro será reconduzido pelas inauditáveis urnas eletrônicas ao trono do Palácio do Planalto, eu não sei. Nem mesmo me arrisco a um prognóstico. É uma tenebrosa incógnita. Uma realidade futura que, talvez sim, talvez não, se incorporará à essa nossa linha temporal.
O que temos para agora, o que há de fato, é que Bolsonaro acaba de ser reeleito para estrelar mais uma postagem da infame seção Cerveja-feira. Reeleito por voto aberto, oral, majoritário e único : o meu. Bolsonaro é a primeira personalidade a figurar pela segunda vez na cerveja-feira. É bicampeão da cerveja-feira.
E para ela foi reeleito por motivo dos mais nobres e caros à bancada da cevada e da barriga. O Mito vetou o aumento dos impostos que já incidem cruelmente sobre a cerveja, impediu que a frígida loirinha fosse sobretaxada.
A notícia é velha, de janeiro de 2020, e sei que, possivelmente, muitos de vocês tenham sabido dela à época. Eu só tomei conhecimento há dois dias. A notícia é velha, mas sair em defesa e proteção dos direitos e dos interesses da população é ação que não envelhece, é imperecível. Não prescreve nem caduca em nossa memória caduca..
Deu-se que Paulo Guedes, ministro da Economia, quis criar o "imposto do pecado" para certos produtos. Produtos que, não bastassem ser supérfluos, ainda são nocivos à saúde : fumo, álcool e açucarados.
Supérfluos para quem, cara-pálida? Maléficos a que saúde, a do corpo ou a da alma?
Deve ser um abstêmio dos mais recalcados, esse Paulo Guedes. Não só de álcool e fumo como também de açúcar, essa subestimada, porém, poderosíssima droga. Pela longa convivência (sempre virtual) que tenho com Jotabê, o Matusalém do Blogson Crusoe, abstêmio de álcool, mas um adicto de leite com Toddy, tenho constatado, pelo que ele escreve e pelo que eu escrevo, que, muitas vezes, o açúcar deixa o cara tão despirocado e sem noção quanto a vodka.
À proposta de Guedes sobre o "imposto do pecado", o Messias foi categórico, curto e grosso : "Paulo Guedes, desculpa, você é meu ministro, te sigo 99%, mas aumento de imposto para cerveja, não".
Mito! Mito! Mito!
Aproveitarei também a postagem para desmentir uma fake news concernente ao tema em questão, a cerveja, lançada contra o Cavalão. Uma desmedida e descabida calúnia com vistas a mais combalir a sua periclitante popularidade. Mais recente, essa fake news, julho de 2021.
Blogs e jornalecos canhotos noticiaram : "Bolsonaro vai acabar até com a cerveja dos brasileiros". Informaram que um decreto assinado por Bolsonaro havia tornada nula a cláusula que estabelece (no Brasil) uma permissão e um limite de 45% de cereais não maltados (sobretudo o milho) em substituição ao malte da cevada. O que torna a cerveja mais barata e, supostamente, mais leve e refrescante, mais adequada ao "nosso" clima.
Com a revogação desta cláusula limitadora, Bolsonaro estaria liberando geral a quantidade de cereais não maltados na cerveja.
Mesmo o site Poder 360, de caráter mais moderado, de centro-direita ao que me parece, deu a fake news, mas logo a retirou e a desmentiu.
O limite de 45% de cereais não maltados não foi alterado pelo decreto, continua firme e forte. O que o decreto passou a permitir foi também a inclusão de outros ingredientes, que, antes, descaracterizavam legalmente como cerveja a bebida que os contivesse em sua composição, como, a exemplos, mel, suco de frutas, chocolate, café, leite etc, e as classificava como "bebidas mistas". 
A partir deste decreto, a lei passa também a reconhecer como cerveja qualquer fermentado de cevada e lúpulo cuja formulações incluam esses ingredientes alienígenas. Os 45% de não maltados continuam vigorando.
Ainda a justificar a reeleição de Bolsonaro para o cerveja-feira, e a quem interessar possa, o Mito, desde 2018, possui o seu próprio rótulo de cerveja, a Mito.
A cerveja Mito, disponível nas versões lager, red lager (não deveria ser green & yellow lager?) e schwarzbier, é produzida pela cervejaria Vapor Negro, de Nova Petrópolis (RS), e tem uma tiragem modesta, praticamente regional, de 10 mil litros mensais.
Aliás, quem tiver a oportunidade de viajar ao sul do país, visite Nova Petrópolis, cidadezinha de colonização alemã na Serra Gaúcha, próxima a Gramado. Visite o Parque do Imigrante e seu belo lago, que, no inverno, exibe cerejeiras em flor em suas margens. Uma paisagem de cartão-postal. De quebra-cabeça de cinco mil peças da Grow. Tomem uma ou várias cervejas a contemplá-lo. Pode até ser uma Mito.
A cerveja, não, Guedes! A cerveja, não!

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3 Comentários

  1. Na luta contra a pança, passo longe de cerveja com milho! A ideia de tributar produtos "nocivos" nunca foi pelo bem comum. É apenas um bom apelo para arrecadar mais. E nem para isso serve. A Curva Laffer é inabalável! Sobre o destino do Presidente, creio que será na cadeia em breve. Ou executado.

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    1. E por que acha isso? Que ele será preso ou executado?

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    2. Todo o cenário político caminha para isso. Prisões ilegais ocorrendo, grandes grupos midiáticos sem grana pública, membros do STF e TSE fechando canais e sites... Ele certamente será o próximo, acaso não tenha reação mais peremptória.

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