Uma Nova Biblioteca de Alexandria

Ainda escrevo,
É verdade.
 
Mas minha escrita
É café requentado,
É lasanha congelada feita em forno de micro-ondas,
É pão dormido e sonâmbulo.
 
Minhas palavras
São miasmas,
Almas penadas,
Mortos-vivos
Da vida que imaginei
E não tive com você,
Escombros das quedas dos voos
Que planejei para nós e os fiz solitário,
Ao redor dos tetos da sala e da cozinha.
 
Meus parágrafos,
Meus poemas,
São ecos embaçados,
São espelhos inaudíveis :
Do teu cheiro,
Que aspirei
Mas não lambi;
Do teu colo,
Que afofei
Mas não dormi;
Do teu ventre
(minha única chance de renascimento),
Que,
Covarde,
Não fertilizei.
 
Ainda assim,
Ainda escrevo...
 
Imagine
Então
Se eu te comesse...
 
Ah, se eu pudesse te comer...
 
Ah, eu esporraria
Novos Quixotes,
Novas Utopias,
Divinas Comédias,
Paraísos Perdidos,
Admiráveis Mundos Novos,
Casmurros,
EUs,
Estrelas da Vida Inteira.
 
Ah, se eu pudesse deslizar meu pau
Por entre tuas grandes tetas...
 
Eu esporraria
Uma nova Biblioteca de Alexandria.

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5 Comentários

  1. Azarão, só vim ver seu e-mail hoje, desculpe a demora em responder. Falando em Biblioteca, abri uma espécie de uma, um canal no Telegram onde as pessoas podem baixar packs de quadrinhos, sei que não usa celular, mas pode usar no PC também, e não precisa interagir com ninguém, é só pedir o número de alguém, confirmar uma vez e deixar lá instalado no PC, caso queira dar uma chance: https://t.me/packsdoozy

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    1. Olha, não prometo nada, não, mas vou dar uma olhada.
      Valeu pela dica.

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  2. Não saia fertilizando geral por aí, depois só dará dor de cabeça.

    Belo poema!

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    1. Rapaz, é um poema antigo, muito antigo, que resolvi publicar na falta de novos que sejam bons. Bem antigo, mesmo, hoje eu não fertilizo mais nada.
      Abraço.

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    2. Nem eu. Fiz uma vasectomia. Embora, claro, nenhum método seja 100% garantido. Só se capar o sujeito.

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