Em tempos de pandemia da Praga Chinesa - muito pior que todas as pragas do Egito somadas -, em tempos de quatro mil mortos/dia pelo vírus xing ling, o nobre e honrado STF despende tempo e dinheiro público para decidir se libera ou não a realização de cultos religiosos.
A mim, parece que a volta das ovelhas às igrejas interessa muito mais aos seus tosquiadores do que a elas próprias. A pandemia chinesa pode não ter abalado a fé dos crentes, mas abalou pra caralho o comércio da fé. Os defensores da volta da manada aos bancos das igrejas se apoiam no direito constitucional do livre exercício de crença religiosa. Defendem que o exercício da fé é um componente importante de nossa saúde global.
Eu não entendo picas de Direito, mas tenho cá pra mim que o direito a uma crença religiosa, ou mesmo o seu exercício, nunca foi proibido, nem a realização de cultos. O que está proibido, por razões óbvias, é o espaço físico em que o culto é realizado.
O culto pode ser realizado virtualmente. Padres, pastores e outros assemelhados podem muito bem trabalhar home's god office. Podem transmitir via on line os seus sermões, suas bênçãos, suas curas milagrosas; assim como empresários emitem ordens e tomam decisões por videoconferências; assim como professores continuam a dar suas aulas.
E mais : por que o exercício da crença depende da realização de um culto? O sujeito não pode fazer de seu quarto, de sua sala, da sua cozinha e até de seu banheiro, a sua igreja? (E me lembrar sorrindo que o banheiro é a igreja de todos os bêbados). Ou a crença e a fé são tão frágeis e quebradiças a ponto de precisarem do aval e da confirmação da manada?
Hoje, num matutino local, ouvi um pastor dizer que é justamente neste momento de pandemia que as pessoas mais precisam da igreja, mais precisam rezar.
Rezar para quê? Esperando o quê? Que a pandemia chinesa passe? É igual a rezar por chuva. O sujeito reza todos os dias pela chuva... um mês, dois meses, dois anos... um dia, ela cai. Da mesma forma que cairia se ele nunca tivesse rezado. Um dia a pandemia vai passar (o vírus chinês, não), reze você ou não.
Mas eu fico imaginando Deus a ouvir as súplicas para acabar com a pandemia. A imaginar alguns pensamentos e pronunciamentos a respeito que o Todo-Poderoso poderia fazer.
1) Deus se autocriaria por alguns segundos, diria : Eu não existo, e se descriaria de novo;
2) Eu tô cagando e andando pro que acontece aí embaixo (supondo que o Céu esteja acima, o Inferno, abaixo, e nós, Midgard, a Terra do Meio).
3) Eu fiz vocês como Eu, imagem e perfeição, e dei-lhes o livre-arbítrio, emancipei-lhes, lavei as minhas mãos. E joãobaptistafigueiredamente, concluiria : Me esqueçam.
4) O vírus chinês também é filho de Deus; referindo-se a si próprio na terceira e, ao mesmo tempo, na primeira pessoa (a terceira pessoa é o Espírito Santo; a segunda, o Filho);
5) Eu assumo : eu criei o vírus chinês, para tentar limpar a cagada que fiz ao criar vocês. O vírus chinês é o meu agente de queima de arquivo.
Em tempo : entre outros significados, dizimar é matar um em cada grupo de dez. Se os fíéis forem dizimados, se morrer um fiel em cada dez, o dízimo também não será dizimado? Os padres e pastores, idem? Olha aí o lado bom da coisa.
Em tempo (2) : Gilmar Mendes, um dos juízes a se pronunciar sobre a questão, assim que a sessão foi suspensa, teria perguntado a um colega de toga : "Quando é que vai chegar a parte em que eu inocento e mando soltar o Judas?"
1 Comentários
Creio que a sentença seria diferente se os templos não tivessem a chamada imunidade tributária, mas pelo que parece estão isentas de dar a Cesar o que é de Cesar. Portanto ficam fechados.
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