Todo Castigo Pra Corno é Pouco (29)

Trago-vos, chifrudos e chifrudas, cornos e cornas desse país, onde a traição não só é a regra, como também, muitas vezes, é a necessidade, é um estojo de primeiros socorros, é a dipirona, o boldo e sal de frutas da alma e da sanidade, uma pérola, um clássico, um faz-me-chorar dos galhudos e galhudas desse país outrora mais varonil.
Trago-vos um dueto que, embora possa parecer inusitado, fez-se em inevitável.
Nélson Gonçalves, boêmio, corno e corneador das antigas, e Roberta Miranda, idem. Para, mais uma vez, corroborar o axioma de que o bom e velho chifre é a instituição mais democrática do mundo. Contempla a todas as idades, raças, credos, religiões e estilos musicais.
Trago-vos a canção "De Igual Pra Igual". É o Estatuto do Corno! É a luta pela igualdade do chifre!
Na canção, o corno se queixa da dissimulação da amada - "você diz a verdade, e a verdade é o seu dom de iludir, como pode querer que a mulher vá viver sem mentir?" -, que jurava fidelidade e buceta molhada só para ele, e que, no entanto, se encharcava e dava para Deus e o mundo.
E, então, o que faz o corno? Revida na mesma moeda - como se a biscate estivesse preocupada com isso. O corno, em sua vingança inócua, diz : mas aprendi fazer amor pra te ferir sem sentir nada...
E quem disse, corno, que, quando ela te punha um boné de alce, ela não sentia nada? Sentia, sim, chifrudo! Ela gozava e se derretia em pica alheia.
É o corno vingativo! É o corno que, para revidar a injúria sofrida pela mulher, sai pra rua e se vinga dela. É o corno que não só paga, como eu já disse, com mesma moeda, mas também com o mesmo "cofrinho". A mulher deu o cu para outro? O corno sai e dá o cu, também. É o corno lusitano! Ai, cachopa se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita!
Com (e para) vocês, "De Igual pra Igual". A isonomia do chifre! Porque chifre trocado não dói. A composição é da própria Roberta Miranda e de Matogrosso, não o Ney, o da dupla Matogrosso e Mathias.

De Igual Pra Igual
(Roberta Miranda/Matogrosso)
Você mentiu,
Quando jurava para mim fidelidade,
Fui apenas um escravo da maldade,
Você quis, você lutou, você conseguiu.

Você feriu,
Os sentimentos que a ti eu dediquei,
Quantas vezes o seu pranto enxuguei,
Por pensar que era por mim que choravas.

Você fingiu,
Você brincou com a minha sensibilidade,
Ah é o fim do nosso caso, na verdade,
Só nos restam recordações.

Não toque em mim,
Hoje eu descobri que você não é nada,
Não podemos seguir juntos nesta estrada,
É o fim do amor sincero que senti.

Mas aprendi,
Fazer amor pra te ferir sem sentir nada,
Enquanto eu amava você me enganava,
De igual para igual quem sabe a gente pode ser feliz.

Em tempo : para ouvir e ver o Nélson e a Miranda se secando , é só clicar aqui, no meu poderoso MARRETÃO.

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2 Comentários

  1. Porran acho que caiu uma lágrima num cisco aqui.
    "J"

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  2. Me criei ouvindo que da guampa e do fusca ninguém escapa. Os fuscas estão cada vez mais raros, já as guampas, proliferam igual a erva ruim.

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