A Nova Cantiga do Chico

Chico Buarque lançará, em breve, o seu 23º álbum solo de estúdio, o "Caravanas". Uma lacuna de seis anos separa "Caravanas" de seu último trabalho, "Chico", de 2011, quando estava em inícios de romance com a cantora Thaís Gullin, uns quarenta anos mais nova que ele. Sorte dele. Sorte do caralho.
Agora, com nova namorada, a advogada Carol Proner, professora titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), doutora em direitos humanos e direito internacional, Chico, ultimamente mais dedicado à literatura, volta, filho pródigo, à canção. Ou, melhor, a canção volta a Chico.
O que prova mais uma vez o que eu sempre digo : não é o cérebro, é o pau que escreve. O poeta, o cancioneiro, escreve é com o pau! E Chico é o poeta e menestrel das antigas : a cada nova buceta, um novo disco.
"Caravanas" ainda não foi lançado, mas uma prévia do novo disco foi disponibilizada na internet, a faixa "Tua Cantiga", em homenagem a e por inspiração de seu novo affair. E não é que a música é boa? Não se tornará, como muitas canções do Chico, em um clássico da MPB, mas que é boa, isso é. Meio piegas, própria de quem está enamorado, de quem escreve com o cheiro da xana da nova amada ainda nos dedos, mas muito boa.
Politicamente falando, Chico não vale porra nenhuma, faz parte da esquerda caviar, dos lambedores de saco de Fidel e de Lula, mas como compositor, letrista e passador de rodo é imbatível, insuperável. Vida longa a Chico.
Tua Cantiga
(Chico Buarque e Cristóvão Bastos)
Quando te der saudade de mim
Quando tua garganta apertar
Basta dar um suspiro
Que eu vou ligeiro
Te consolar

Se o teu vigia se alvoroçar
E estrada afora te conduzir
Basta soprar meu nome
Com teu perfume
Pra me atrair

Se as tuas noites não têm mais fim
Se um desalmado te faz chorar
Deixa cair um lenço
Que eu te alcanço
Em qualquer lugar

Quando teu coração suplicar
Ou quando teu capricho exigir
Largo mulher e filhos
E de joelhos
Vou te seguir
Na nossa casa
Serás rainha
Serás cruel, talvez
Vais fazer manha
Me aperrear
E eu, sempre mais feliz

Silentemente
Vou te deitar
Na cama que arrumei
Pisando em plumas
Toda manhã
Eu te despertarei

Quando te der saudade de mim
Quando tua garganta apertar
Basta dar um suspiro
Que eu vou ligeiro
Te consolar

Se o teu vigia se alvoroçar
E estrada afora te conduzir
Basta soprar meu nome
Com teu perfume
Pra me atrair

Entre suspiros
Pode outro nome
Dos lábios te escapar
Terei ciúme
Até de mim
No espelho a te abraçar

Mas teu amante
Sempre serei
Mais do que hoje sou
Ou estas rimas
Não escrevi
Nem ninguém nunca amou

Se as tuas noites não têm mais fim
Se um desalmado te faz chorar
Deixa cair um lenço
Que eu te alcanço
Em qualquer lugar

E quando o nosso tempo passar
Quando eu não estiver mais aqui
Lembra-te, minha nega
Desta cantiga
Que fiz pra ti.

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2 Comentários

  1. Ah! O Chico é covardia; o Chico, meu amigo Azarão, é sacanagem. Já quero ouvir o novo disco.
    "J"

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    1. É, a mulherada se baba, se molha, se encharca e se lambreca pelo velho Chico.

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