A Petrobrás, por Paulo Francis

Diário da Corte é o nome da coluna semanal escrita por Paulo Francis no jornal O Estado de São Paulo durante os anos de 1975 a 1990. Era marreta pura! Artilharia pesada! Paulo Francis foi, sem a menor sombra de dúvida, o maior polemista do jornalismo brasileiro, até hoje insuperável. E também um dos maiores intelectuais que já passaram por uma redação de jornal.
De Francis, diz outro jornalista, Ricardo Setti : "O homem amável, de gestos suaves e maneiras gentis, era temporariamente exonerado entre um texto e outro. Na hora de lidar com palavras, materializava-se a entidade agressiva, de temperamento beligerante, extraordinariamente hábil no ataque frontal, na ironia desmoralizante, no humor ferino, no sarcasmo impiedoso".
Posteriormente, setenta e tantos de seus artigos para O Estadão foram reunidos e lançados em um livro, O Diário da Corte de Paulo Francis. Baixei o livro em pdf e, sempre que me sobra um tempinho, pinço aleatoriamente um de seus artigos e leio. Numa dessas randômicas escolhas, dei de cara com Francis descendo a marreta na Petrobrás. E isso em 1994, há exatos vinte anos do petrolão.
Leiam, aprendam e se regozijem com a prosa elegante, não obstante, afiada feito navalha, ou afiada feito navalha, não obstante, elegante, de Paulo Francis.
Sobre a Petrobrás, uma constatação e uma profecia de Francis :
"O mundo está inundado de petróleo barato. A Petrobrás é uma excrescência arcaica e nos custa os olhos da cara. A produção das companhias internacionais é por empregado 130 barris por dia. Nas companhias latino-americanas é de 98 barris por dia. Da Petrobrás, 33 barris por dia. Mas temo que, sem cesarismo, a Petrobrás permaneça saqueando o Brasil até a sua (nossa) ruína. Seu lobby, seus inocentes úteis, a mística que soube criar em torno de si própria (tem um departamento de relações públicas maior do que a General Motors) precisam de um antídoto elefantino." (O Estado de São Paulo, 03/04/94)

Postar um comentário

0 Comentários