Há muito não se enraízam e avermelham
Flamboyants em minhas mal irrigadas coronárias.
Há muito o estilhaço radioativo do desejo em mim não se alastra,
Não me percorre, lobo famélico, armadurado para a batalha.
E toda essa ausência
Nem me acalma nem causa aflição.
Há muito não revoam e se incendeiam
Tucanos em meus baços olhos
Há muito a metástase onírica da utopia em mim não se acampa,
Não me sacode, bocarra gosmenta, guarnecida pra triturar.
E todo esse vácuo
Nem me relaxa nem provoca insônia.
Há muito não se adensam e menstruam
Coringas em minhas circunvoluções.
Há muito o corisco do SER em mim não se alça
Não me infla cadáver afogado equipado pra assombrar.
E toda essa antimatéria
Não me move nem me faz querer morrer.
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