Que Fossa, Hein, Meu Chapa, Que Fossa...(23)

Lupicínio Rodrigues não só foi/é um dos expoentes máximos - grandeza de mol mesmo, de dez elevado a vigésima terceira potência - da canção de dor de cotovelo. Ele foi o inventor do termo dor de cotovelo, que se refere à prática de quem crava os cotovelos em um balcão ou mesa de bar, pede um whisky duplo, ou um rabo de galo, ou um traçado, e chora pela perda da pessoa amada.
Perda o cacete!  Ninguém se perde da pessoa amada. É abandonado. Toma um pé na bunda. E Lupicínio, constantemente abandonado pelas mulheres, valendo-se de seu gênio de compositor, colocou os seus fracassos amorosos nas paradas de sucessos.
São dele : Ela disse-me assim, Judiaria, Quem há de dizer, Esses moços, pobres moços, Vingança, Nervos de Aço, Volta e, a que agora aqui coloco, Nunca.
Ouvi Nunca, pela primeira vez, acredito que ainda na década de 80, época em que eu dormia - tentava dormir - com o rádio ligado, sintonizado na rádio Regional FM, especializada em MPB; sofria, então, de severos períodos de insônia. E foi numa dessas noites claras que ouvi Nunca, na voz incomparável de Zizi Possi - a filha dela, a Luíza, é mais bonita e gostosa, mas a voz... quanta diferença!!!
Eu tava lá, meio que dormindo, meio que acordado, e aí veio : quando a gente perde a ilusão, deve sepultar o coração, como eu sepultei...
Pãããta que  pariu!!! Aí é que eu não dormi mesmo.
Nunca
(Lupícinio Rodrigues)
Nunca!
Nem que o mundo caia sobre mim,
Nem se Deus mandar,
Nem mesmo assim,
As pazes contigo eu farei.
Nunca!
Quando a gente perde a ilusão
Deve sepultar o coração
Como eu sepultei.
Saudade,
Diga a esse moço, por favor,
Como foi sincero o meu amor,
Quanto eu te adorei
Tempos atrás.
Saudade,
Não se esqueça também de dizer
Que é você quem me faz adormecer
Pra que eu viva em paz.

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