Que, diria a maioria,
Será um bom e belo dia.
“Bom dia”, diz a dona Luzia
Com seu murcho sorriso de velha para o velho Sol
Que, já tão cedo, potente luzia.
O bem-te-vi,
Mal me vendo,
Sorri sem dentes, estridente,
Sua monocórdica cantoria
A esse dia que,
Insiste e diz a maioria,
Será um belo e bom dia.
E também a menina,
Que deu pela primeira vez na madrugada desse dia,
Sorri para as nuvens rosas
Bordadas no céu de sua janela
E as abraça
E as veste, em sua fantasia.
Eu digo: “Foda-se o dia”.
(E só me são simpáticos os gatos.
Que não sorriem para nada
E logo cedo lambem e lavam seus cus:
Indiferentes ao dia).
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