Papa Bento XVI Critica As Universidades

Já dizia o saudoso Paulo Francis que 'universidade é para criar elites, não dar diplomas a pés-rapados', no que eu concordo absolutamente.
Eu afirmo ainda, e já há muito tempo, que universidade é para preparar livres-pensadores, não profissionalizar mão-de-obra barata. Dar profissão a peão, e o próprio nome já indica, cabe aos cursos profissionalizantes, os cursos técnicos, de onde o cara sai com seu certificado e pronto a reproduzir técnicas e procedimentos repetitivos, "raciocinar" em escala de montagem como são os produtos que ele fabricará.
E não é desmerecer o curso técnico, não. Existem muitos de boa qualidade e eficiência , os do SENAI e os do Centro Paula Souza, a exemplos. Cursos excelentes que produzem pessoas aptas ao serviço que prestarão. Reproduzir técnicas, "pensar" em escala industrial, é uma habilidade necessária em uma sociedade de consumo e massificante, onde impera a idiotia do coletivismo.
Pensar não é profissão, portanto não deve ser tratado como tal. Pensar é dom que uma minoria possui, é vocação de DNA, pensar não é para ganhar dinheiro (se ele vier a reboque, tanto melhor, claro, mas não é sua função primeira), pensar é prazer íntimo e pessoal, é tesão solitário.
Ninguém pensa nada que preste coletivamente. Ao solitário circunspecto e contemplativo, a Universidade; ao babaca do grupo, da massa, do rebanho, o curso técnico. De novo, não estou desmerecendo o técnico. Um bom técnico é muito mais útil que um licenciado ou um bacharel meias-bocas.
Não estou nem comparando um com o outro, estou apenas colocando cada um em seu lugar. O que não pode acontecer - e é o que mais já acontece - é a confusão entre um e outro. Na tal Educação, por exemplo, já estão desembarcando esses estrupícios, jovenzinhos licenciados com diploma superior que mal sabem reproduzir conteúdos de livros de segundo grau, que dirá pensar alguma coisa. Esses ineptos compram seus diplomas em faculdades à distância, cursos com duração de dois anos, vi até um de 18 meses um dia desses. Esse jovenzinhos idiotas, que se jactam de serem "formados", são pedreiros que  não sabem nem amassar um bom reboco, eletricistas que nem diferenciam uma ligação em série de uma em paralelo. São "marreteiros" com diploma.
Hoje, o cara que não tem talento algum, vai fazer faculdade. É comum pessoas de uma certa idade dizerem da falta que o estudo lhes fez, da falta que está lhes fazendo. O que está fazendo falta a essas "madalenas arrependidas" não é o estudo porra nenhuma, não são novos conhecimentos ou perspectivas, é o dinheiro a mais que elas supostamente estariam ganhando caso tivessem continuado os "estudos". Estudo faz falta para quem gosta de estudar. E ponto. E a esses as Universidades deveriam ser unicamente restritas.
E não é que, ontem, o Papa Bento XVI, nazistão dos brabos, disse a mesma coisa? Em visita à Espanha, ele se diz preocupado com o desvirtuamento da função das Universidades, com o cunho utilitário que elas tomaram nos últimos anos. Disse o Papa : "a universidade deveria voltar a sua autêntica vocação, que "busca a verdade própria da pessoa humana". E criticou a redução "utilitarista" do ensino que busca apenas satisfazer "a demanda trabalhista". E seguiu, o Papa : "Às vezes se pensa que a missão de um professor universitário hoje seja exclusivamente a de formar profissionais competentes e eficazes que satisfaçam a demanda trabalhista em cada momento preciso". E arrematou : "A universidade encarna, pois, um ideal que não deve ser desvirtuado nem por ideologias fechadas ao diálogo racional, nem por servilismos a uma lógica utilitarista de simples mercado, que vê o homem como mero consumidor. Aí está vossa importante e vital missão".
Eu e o Papa dizendo a mesma coisa? Preocupei-me de imediato. Um incipiente pânico circundou-me. Felizmente meu intelecto me socorreu, decifrou a charada, desfez a confusão e tranquilizou-me. A minha fala e a do Papa são as mesmas, porém os motivos por trás delas são totalmente divergentes.
Quando eu preconizo uma Universidade que privilegie o pensamento - e os que afeitos a ele são -, é porque considero que ela deva mesmo ser uma reserva de cérebros, deva preservar uma elite intelectual, deva manter o status quo, ser depositária de cabeças pensantes que governem as demais. Destruir essa elite, ao permitir a invasão das Universidades pela plebe ignara, é decretar a total derrocada da sociedade, que, humana que é, nunca andou bem das pernas.
Quando o Papa, aparentemente, diz o mesmo que eu, sua intenção é bem outra. O que ele quer com aquela história de "busca a verdade própria da pessoa humana", é transformar as Universidades em antros dos chamados humanistas, filósofos, teólogos, antropólogos, sociólogos, cientistas sociais, pedagogos etc etc. Tipos de pensadores que podem até contestar e maldizer das coisas da Igreja, mas que não podem provar nada do que dizem, pensadores que ficam presos ao seu próprio blá-blá-blá, inexatos e imprecisos que são. 
O que o Papa pretende é reduzir a atuação dos pensadores exatos, químicos, físicos, bioquímicos, biólogos (tirando os ecologistas), astrônomos, astrofísicos, geneticistas etc etc. O Sumo Filho da Puta quer é reduzir o número de pensadores que se enveredem cada vez mais por caminhos que desmintam, provando ali, por a mais b, as grandes falácias pregadas como verdades absolutas pela Igreja; ele quer diminuir a formação de pensadores que pulverizem os dogmas da Igreja com um simples tubo de ensaio. Daí essa preocupação dele com o "humano", a preocupação é com os cofres do Vaticano.
Dessa vez, você quase me pegou, Papa, mas ainda precisa melhorar muito.
Bom ver que, nesses tempos de desorientação, de subversão de valores, de mudança de campos magnéticos, de bússolas cegas e astrolábios em desatino, eu não me desviei de meu caminho. Caminho que, se não é o do Bem, ao menos, por não ser o mesmo do Papa, está longe de ser o do Mal.

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2 Comentários

  1. Quer falar bonito e se fode:

    1. "Ensino a distância" não tem crase. A não ser que queria assinalar que o destinatário do ensino é alguém ou algo chamado "distância".

    2."Ignária" é corruptela de "ignara". Corruptela, quer dizer, a deformação da grafia e/ou pronúncia correta(s) de uma palavra como prescrita(s) pela norma culta.

    E depois diz que é professor... Devia ter sido um técnico.

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  2. A crase tem uso facultativo nesse caso, optei por usá-la, se duvida, consulte os dois sites que coloco abaixo :
    http://www.kplus.com.br/materia.asp?co=41&rv=Gramatica
    http://ead.noisfalatrem.com/2008/07/educao-distncia-sem-crase.html (sobretudo a regra 3).
    Em relação ao tal "ignária", parece que só você viu, tal vocábulo nunca fez parte desse texto, e ainda que tivesse feito, se é uma corruptela, pode muito bem constar de textos sem rigor acadêmico.
    Que tal procurar um bom técnico que lhe faça um bom par de óculos? E também compre uma boa gramática e estude, antes de vir aqui falar besteira.
    Por último : vá tomar no seu cu.

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