Estive  na Argentina, Buenos Aires, em 2008. Passei cinco dias por lá, poderia  ter ficado um mês, sem nenhum esforço. Dado o curto período de estadia, e  sendo Buenos Aires uma cidade de 4 milhões de habitantes, conheci pouco  da metrópole, apenas o centro comercial e alguns bairros adjacentes. 
Por  isso, não posso dizer se o que vi no centro se repete em toda a cidade,  mas fiquei impressionado com o grande número de livrarias. Duas, três,  cheguei a contar cinco delas em uma única rua do "calçadão" lá deles.  Livrarias pequenas em sua maioria, nada das estúpidas megastores,  que isso é para quem não lê porra nenhuma, é para quem vai lá só tomar  cafezinho e fazer pose de intelectual, aquelas caras de cu. Pequenas,  mas abundantes, de todos os tipos. O centrão de Buenos Aires tem mais  livrarias que o centro aqui de Ribeirão Preto (que arrota ser uma cidade  universitária) tem de salões de cabelereiro e lojas de 1,99.
O argentino gosta de ler, sabe o valor disso. O argentino é bom de bola (ninguém é perfeito), mas também dá "tratos à bola".
Curioso, uma coisa não me ocorreu na época e só dei por ela hoje, ao ler uma reportagem sobre Pirataria Literária na Argentina. Pirataria de livros, alguém consegue imaginar isso em terras tupiniquins?
Mas  é algo óbvio em terras portenhas. A pirataria surge quando o desejo de  consumir certo produto é impedido ou dificultado pelo custo de obtê-lo.  Nesse aspecto, o argentino não é diferente de nós, nenhum ser humano o  é, e o salário médio deles é tão aviltante quanto o nosso. Mas eles  querem consumir...livros!!! Que pirataria mais justificada!!! Que  inveja!!!
Segundo  a reportagem, os livros piratas chegam a 15% do volume da grande  indústria editorial argentina e, diferente de um CD ou DVD, apresentam  ótima qualidade, quase idêntica das obras originais, o leitor, muitas  vezes, nem desconfia se tratar de uma falsificação.
Semana  passada, a polícia argentina apreendeu 130 mil livros piratas em um  depósito na capital, avaliados em 11 milhões de pesos. É a galeria Pajé  dos caras!!! A 25 de março deles é feita de livros!!! Inveja (de novo).
Os  mais pirateados são Gabriel Garcia Marquez, Julio Cotazar, Ernesto  Sabato, Mario Vargas Llosa e Quino (Mafalda). Em terras de Pindorama, os  mais falsificados são celulares, bolsas, tênis e roupas de grife, e CDs  e DVDs de sertanejo universitário.
Inveja é pecado capital? Que seja. 
Já vou pro inferno, mesmo.
Já vou pro inferno, mesmo.
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