Reportagem extraída da Revista Época, Editora Globo, 16/11/2010
 Justiça Libera Acesso À Ação da Ditadura Contra Dilma
"Passadas  as eleições, o Superior Tribunal Militar (STM) liberou nesta  terça o  acesso ao processo aberto durante a ditadura militar contra a   presidente eleita, Dilma Rousseff. A consulta à ação estava indisponível   por determinação do presidente do STM, Carlos Alberto Soares, que  dizia  temer o uso político das informações durante o período eleitoral.  
Por  10 votos a 1, o plenário do STM autorizou o acesso amplo e  irrestrito  ao processo instaurado em 1970, quando Dilma militava em  movimentos  contrários à ditadura militar. Além dela, outras 71 pessoas  são citadas  na ação penal na qual são relatadas, entre outras situações,  torturas.  
A  maioria dos ministros atendeu a um pedido do jornal Folha de S.Paulo,   que tentava consultar o processo desde maio. Em agosto, o jornal   protocolou um mandado de segurança pedindo que as informações fossem   liberadas. Mas até então o acesso estava proibido. 
Antes  da eleição, o STM chegou a começar a discutir o caso. Mas dias  antes  do segundo turno, a Advocacia Geral da União (AGU) conseguiu adiar  o  julgamento, impedindo o acesso às informações. Na ocasião, a AGU  alegou  que precisava consultar os autos. Diante da possibilidade de o  caso  ser decidido só depois do segundo turno, o ministro Cerqueira Filho   desabafou na época. "Se passar a eleição, será uma grande pizza",   disse. 
Após  o julgamento desta terça, a advogada  do jornal, Taís Gasparian,  lamentou o fato: "É lamentável que tenha  sido deferido só agora, depois  das eleições." Apesar disso, ela afirmou  que foi "uma vitória da  sociedade, que poderá ter acesso a documentos  históricos". "Esses  documentos históricos jamais poderiam ser  subtraídos", disse a  advogada. 
Relator  do  mandado de segurança julgado, o ministro Marcos Torres foi o único a   votar contra a liberação do acesso ao processo aberto em 1970 contra   Dilma. No início da sessão, ele chegou a votar favoravelmente à   liberação do acesso somente depois de consultas às 72 pessoas citadas na   ação. Mas a proposta foi rejeitada. Um dos mais incisivos no   julgamento, o ministro José Coelho Ferreira afirmou que uma pessoa que   deseja servir o país não pode querer que fatos históricos ligados à sua   vida e à sua saúde sejam subtraídos da informação do povo"                                    
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