Minha Rendição A Morpheus

Os Sonhos, e aqui digo dos que temos quando acordados, são realidades alternativas, estradas vicinais, rotas de fuga, dimensões paralelas, sim!
São tudo isso. E também são o que dá solidez à estrutura da realidade.
A realidade desmoronaria em escombros não fossem esses Sonhos de olhos despertos.
Os Sonhos de pupilas arregaladas são as babás, são as amas-de-leite da realidade; são nossas usinas de força, nossas pequenas hidrelétricas.
Ótimo seria - isso é consenso geral - os Sonhos tornarem-se realidade.
Eu nunca tive a menor simpatia pelo consenso geral, pelo senso comum.
E não seria essa a primeira vez.
Pobres e ilusos meninos são os Sonhos recém-nascidos que almejam, um dia, serem promovidos à realidade (esses moços, pobres moços, ah se soubessem o que eu sei).
Se um Sonho converter-se em realidade, outro Sonho deverá ocupar o seu posto;
Se um Sonho se transubstanciar em realidade, outras usinas de força terão de ser construídas, outros terrenos serão alagados para novas hidrelétricas;
Se um Sonho se cristalizar em realidade, uma outra ama-de-leite, a toque de caixa, terá de ser providenciada, e a cujos peitos iremos ter que nos adaptar.
E eu gosto tanto do meu Sonho atual...
Nunca gostei tanto assim de outro!
Não quero os peitos de outra ama-de-leite!
Logo, esforçarei-me em me afeiçoar à minha realidade, farei o máximo para mantê-la exatamente como está.
Sustentarei minha realidade:
Para sustentar meu Sonho.

(até porque não são apenas cidades encantadas que Morpheus gosta de comprar; Ele igualmente se apraz em adquirir dias passados à beira de lagos)

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