Desfazendo o "L" (Ou : Hipocrisia, o Teu Nome é Moderação)

Como se diz no mundo aviadado de hoje : virou tendência!
E virou tendência : desfazer o "L".
 
Muitos dos chamados "artistas" nacionais, canalhas que, visando apenas o próprio bem e usando o argumento furado de que era pelo bem - vejam só - do povo brasileiro, ajudaram o reeleger o multicondenado Lula, agora, que estão a colher os amargos e frutos podres da desgraça que plantaram, começaram a dar para trás em seus votos, começaram a vir com aquele papinho de merda de que não foi bem assim. Que não foi bem em Lula que votaram. Só que sim.
 
O caso mais recente desses, digamos assim, dissidentes do "L", pelo menos, que tenha chegado ao meu conhecimento, é o do cantor e compositor Dinho Ouro Preto, da banda Capital Inicial, de quem eu até gosto de algumas canções. Porém, o assunto aqui, neste momento, não é música. É caráter. Hombridade. Ou a falta deles.
 
Agora que Dinho se deu conta de que uma possível e eventual benesse governamental, uma Lei Rouanet ou "incentivo público à cultura" que o valha, não está a compensar, nem de longe, a perda real e definitiva de milhares de seguidores de suas redes sociais e a grande baixa de público em seus shows, o rebelde nascido em berço de ouro de Brasília vem se sair com essas desculpas esfarrapadas, que não o desculpam ou eximem da merda que fez; antes pelo contrário, só mais o condenam. 

Antes de seguir a marretar em ferro frio e a masturbar defunto - e eu seguirei -, vamos deixar claro uma coisa, que é das mais claras per si : nas nossas honestíssimas e impolutas urnas eletrônicas, não havia, sobretudo no segundo turno, uma opção de "não Bolsonaro". Só havia duas opções de votos válidos : ou "eu quero Bolsonaro" ou "eu quero Lula". Só essas duas. 
 
E Dinho, assim como milhares de outros que dizem que não, votou em Lula, sim. Apertou com gosto e convicção a tecla "confirma" para o 13, para a maior quadrilha criminosa já surgida no país, como provou Joaquim Barbosa por a+b. 
 
Repito : não havia a opção "não quero Bolsonaro", somente a "eu quero Lula". Nem esquerdistas são tão burros a ponto de não entenderem isso. Aliás, a torpeza dessa gente é tanta que, hoje, muitos deles nem se dizem esquerdistas.

Dinho disse : "Eu me considero de centro-esquerda, eu seria um social democrata, se eu fosse europeu".
Mas acontece que ele não está na Europa. Está no Brasil e, aqui, ele votou num candidato de extrema-esquerda.
 
E seguiu com o script dos pulhas : "o extremismo é que me preocupa, que precisa ser denunciado", diz o sujeito que votou no descondenado que quer proibir as redes sociais e é amigo e compadre de, pelo menos, uma meia dúzia de ditadores latino-americanos.
 
Para justificar e legitimar sua cagada, referiu-se a outros nomes que, segundo ele, também não são petistas e, feito ele, votaram em Lula. Cita Simone Tebet e Alckmin. Pããããta que o pariu! Um é vice-presidente de Lula e a outra está muito bem acomodada em algum ministério. Mas ninguém, claro, é petista, muito menos de esquerda.
 
Continuou : "Várias outras pessoas apoiaram o Lula por perceberem o perigo que, nós achávamos, que o Bolsonaro representava". Ou seja, enrolando-se e ridicularizando-se mais ainda em suas desculpas, Dinho diz que para impedir uma suposta ditadura (notem que ele mesmo disse : que nós achávamos) , ele, sem nenhuma outra opção, oh, coitado, votou numa "democracia relativa", como bem definiu o próprio Lula. Botaram uma arma carregada na cabeça dele e obrigaram a confirmar o 13. Deve ter sido isso.
 
"Também não quero que o Capital vire um palanque. Eu não sou um ativista, sou um (sic) músico", mas fez campanha para o Lula em seus shows.
 
Mais à frente, num exemplo clássico de duplipensar esquerdista, Dinho seguiu a justificar seu voto "antibolsonaro" e, ao mesmo tempo, a tentar recuperar os milhares de fãs bolsonaristas que perdeu : “Agora, você não pode achar que metade do Brasil que votou no Bolsonaro é fascista. Uma grande fatia disso engloba os antipetistas, os conservadores… Mas daí a dizer que são fascistas é extrapolar. Do mesmo jeito que isso vale para a esquerda também. Inclusive, o Lula volta e meia faz elogios a autocracias, algo que tenho dificuldade de engolir”.
 
Autocracias... o nome que a esquerdalha dá para as ditaduras. Dizer que mesmo entre os "do mal", ele considera a existência de pessoas "do bem" é uma forma de tentar convencer que mesmo estando ele ao lado do mal, ele é uma pessoa de bem. É outra das táticas mais manjadas da esquerdalha. E é um pensamento arraigado na cabeça desses caras, algo que lhes foi muito bem plantado. Afinal, não deixa de ser um raciocínio de certa complexidade. E Dinho Ouro Preto, tatibitate que só ele, não seria capaz de concebê-lo por si só.
 
E dizem tudo isso como se Lula fosse um nome inédito na política brasileira, como se fosse um estreante. Como se não lhe soubessem o imenso histórico de irregularidades, como se não tivessem ciência de sua extensa "capivara".


Ah, o de esquerda que não é de esquerda... ah, o petista que não é petista... ah, o tal do moderado...

De todas as deformidades do caráter humano - e que não são poucas -, a da falsa e oportuna moderação, se não a campeã, é, ao menos, medalhista, sobe ao podium.
 
Beba com moderação. Fume com moderação. Coma com moderação. Trepe com moderação (ou, ao menos, com camisinha).

O moderado, sem usar de nenhuma moderação, não se cansa de cansar os outros com a exaltação constante de sua virtude de moderado. Ao assim se autodenominar, quer se dar ares de sábio, de um sujeito centrado, o equilíbrio personificado, um monge zen budista a um triz de atingir o nirvana.

O moderado, não se deixem enganar, nada tem de sábio. Tem é de covarde. Aliás, covarde, não. Que a coragem ou a falta dela não nos são opcionais, são atributos inatos, cada qual nasce com brios e têmperas diferentes. Tem é de velhaco e de hipócrita, o moderado, que é comportamento e postura adotados com planejamento e por vontade própria, de caso pensado.

Ele usa o mote da moderação não como justificativa para suas indecisões, inseguranças e dilemas. Se assim fosse, menos mal seria. Que indecisões, inseguranças e dilemas todos temos e deles padecemos.

Mas não. O moderado é puro duplipensar. Veste-se com o velocino da moderação para escapar às responsabilidades e às críticas por uma decisão que tomou com toda a segurança, com toda convicção, quando essa decisão se revela, claramente, equivocada e danosa. Principalmente, quando tal decisão pode desfazer ou manchar a sua tão cultivada imagem.

Assim, desconfie, desconsidere, despreze, até, toda frase ou recomendação que contenha a palavra moderação. Desconfie, desconsidere, despreze, até, qualquer um que se diga um moderado, que inclua a moderação em seu curriculum vitae, que a escreva em letras douradas em seu cartão de visita.

Hoje em dia, a moderação é o ardil, a muleta suprema do bundão, do isentão. O esfarrapado álibi dos de saco rosa, dos que não tem a necessária hombridade de dizer : fi-lo porque qui-lo. E pronto. Fim de papo. E, claro, assumir a parte que lhe cabe na desgraça que sua decisão venha a ocasionar ou, no mínimo, contribuir para isso.

O moderado nunca optou pela situação X, a qual ele também não considera – nas palavras nada confiáveis dele – satisfatória. O moderado nunca optou pela opção X em si, o fez em detrimento da situação Y, que ele considera pior. E não adianta confrontá-lo com o pragmatismo da verdade de que, pouco importando suas desculpas e racionalizações, ele optou sim pela situação X e não contra a Y. Ele morrerá jurando de pés juntos que não optou pela situação X. Mas pôs a todos nela. Isentão, o FDP.

Pensam o quê, esses caras? Que é mesmo possível escrever certo por linhas tortas e corruptas?

Esta falsa moderação carrega em si já uma espécie de arrependimento prévio pelo pecado que sabem que estão a cometer e, portanto, é um tipo de mecanismo de autoabsolvição. A moderação é um aplicativo íntimo de padre confessor do bundão, do cuzão.

É o assento ejetável deles. Quando a coisa fica feia, eles apertam o botão, são ejetados para fora da situação que provocaram, abrem seus paraquedas e pousam incólumes longe do desastre que causaram.

Beba com moderação. Fume com moderação. Coma com moderação. Trepe com moderação.

E, agora, e desgraçadamente, vote com moderação.

O que teve de gente, feito Dinho Ouro Preto,  alegando moderação para votar no extremíssima-esquerda Lula não está escrito em nenhum gibi. Meu saco já está na Lua de tanto ouvi-los; em Io, lua de Júpiter.

Moderados que votaram, sim, com convicção em Lula dizendo que confirmaram o 13 nas urnas apenas por conta de uma maior moderação do multicondenado em relação ao outro candidato. E colocaram o país, de novo, na mão de saqueadores.

Eleitores falsamente moderados justificando seus votos na inexistente moderação de Lula, querendo amenizar sua torpe escolha se apoiando num suposto governo de coalizão e de apaziguamento a ser exercido por um sujeito de pretensões absolutistas. E querendo que todos acreditem neles.
 
Pulhas, todos eles. Votados e votantes, mais ainda os últimos.
 
Só para seguir na linha do chamado rock nacional, tem muito mais caráter e hombridade o controverso e verborrágico Lobão, que fez campanha para Bolsonaro e hoje se diz arrependido de ter votado no Mito. Considera que errou (assim como o rock errou) e assumiu publicamente o que considera seu erro, como publicamente, antes, pediu votos para Bolsonaro. Na década de 90, Lobão fora pró-Lula. Fez a mea culpa publicamente por isso, também. Isso é ser homem!

E a moda da moderação anda tão grande que até se alguém faz um comentário aqui no blog, lê o aviso : "seu comentário está aguardando moderação". Ao invés, por exemplo, de "aguardando análise".
 
Finalizo e digo, então, que tomem muito cuidado aqueles que aqui queiram arriscar seus comentários. Aqui, eles não estarão sujeitos à moderação. Aqui, eles estarão sujeitos à radicalização.
 
Metam-se a besta, pois.

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11 Comentários

  1. Estão percebendo a furada que é ter sua arte envolvida ao governo, seja qual for. Sinal que a onda polarizada está enfraquecendo. Isso é maravilhoso, embora sabemos que se trata apenas de dinheiro, de dinossauros que já deveria ter larado o osso e tornado apenas lembranças nostálgicas. Por isso morro pobre, talvez vá pra miséria pior em que estou. Não estou à venda. Não quero pitaco do governo em minhas coisas. Mas pra mim é fácil, ninguém conhece mesmo. kkkkk
    Bolsonaro será elegível. Eu acredito. E estou confortavelmente vendo isso acontecer. Quando isso acontecer, fuja para as montanhas. Não deveria. Mas a política, meu querido.... a gente não pode se iludir com a política. São todos iguais.
    O importante, você precisa se lembrar, é não brigar com o outro por causa desses caras, simplesmente porque eles estão muito bem (muito bem mesmo) e nós somos reles número de voto na urna.
    Eu não consigo enrender porque me aproximo tanto dos bolsonaristas e porque os de esquerda não gostam de mim. Mas já desisti de entender.

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    1. Claro que a questão é dinheiro. Esses caras ainda pensam que estão no tempo em que votar no Lula era legal, era ser descolado. Hoje, isso coloca, no mínimo, metade da população contra você.
      Duvido muito que Bolsonaro volte a ser elegível um dia, mas nunca se sabe.
      Quanto à sua última observação, só posso dizer : pããããta...

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    2. Haverá mudança de cadeiras no STF em 2026. Não é difícil não. Na verdade, é bastante provável. Não tô falando isso porque você gosta de ouvir. Espero que você esteja certo. Pelo andar da carruagem, é essa minha opinião. Ele nem será preso. Se for, será só pra inglês ver.

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    3. Esperemos... na verdade, é só isso que podemos fazer, esperar.

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    4. Acabei de jantar, como alface todo dia. Só falto mujir.
      Espero que a classe artística em geral não auxilie mais polarização nenhuma. Eu nunca vou perdoar esse movimento que despertou o que havia de pior em pessoas de bem.
      Hoje as pessoas ficam brigadas se odiando. E eles? Nadando em dinheiro e poder.
      É claro que devemos falar de política. Mas a coisa tá ficando doentia. Quem ganha são eles. Sempre eles.
      E a gente que se lixe com nosso sentimento pisotrado e esmagado.

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    5. Também procuro comer verduras sempre, gosto das mais amargas, como rúcula, chicória.
      Não foi a classe artística que provocou essa polarização. Ela, como tantas outras categorias ou segmentos da sociedade, foi usada como massa de manobra pela esquerda. Foi a esquerda que dividiu e fragmentou a sociedade em times rivais.
      É o estratagema básico deles. Eles percebem as diferenças e as acentuam, as incentivam. Eles detectam os contrastes entre a população e os transformam em confrontos.
      Artistas, com os egos gigantes que têm, são os mais fáceis de serem recrutados como soldados rasos dessa guerra.
      Não nos iludamos: estamos em guerra.

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  2. "Mas veja bem, num votei no Lula, votei contra o Coiso".
    Agora eh todo mundo tirando o corpo fora e se dizendo isentao, neutro, sem viés político etc. País de covardes que nem assumem em quem votam.
    Abç

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    1. Eu perdi o resto da pouca paciência que tinha com esse pessoal. Tolerância zero daqui em diante.

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  3. Señor Azarão, estoy muy decepcionada y asustada con la virulencia de sus palabras. Imagino que si usted fuera musulmán tal vez estaría formando parte de Al-Qaeda o el Talibán, tal es el nivel de intolerancia y odio que exhibió en su texto. Incluso con la dificultad natural de entender todo lo que escribe en portugués, he intentado seguir su blog, pero creo que esta vez será la última. Antes de eso, dejo estos comentarios, ya sabiendo que usted no los leerá y tal vez aún me ofenda, pues soy lesbiana, bien resuelta y feliz.
    El radicalismo presente en el texto demuestra una visión extrema y polarizada de la situación política, rechazando la posibilidad de complejidad o matices. Es importante contestar esta visión con algunos puntos clave:
    Simplificación excesiva: Reducir la elección electoral a un simple "o Lula o Bolsonaro" ignora la diversidad de razones que llevaron a las personas a votar. Las personas tienen motivaciones variadas y complejas, que pueden incluir el rechazo a políticas extremas de ambos lados.
    Descalificación de adversarios: Tachar a todos los artistas y votantes como canallas o deshonestos es una generalización injusta. Dinho Ouro Preto y otros que expresaron arrepentimiento o críticas posteriores no son necesariamente hipócritas, sino que pueden estar reflexionando sobre sus elecciones a la luz de nuevos eventos e información.
    Moderación como virtud: La moderación no es cobardía, sino una búsqueda del equilibrio y del diálogo. El radicalismo y la polarización solo aumentan el conflicto, mientras que la moderación puede ayudar a encontrar soluciones comunes y evitar el extremismo.
    Revisión crítica: Es legítimo y saludable que figuras públicas y ciudadanos revisen sus posiciones políticas. Lobão, citado como ejemplo positivo, muestra que admitir errores y cambiar de posición es una demostración de madurez e integridad, no de debilidad.
    En resumen, el radicalismo ciega ante la complejidad de la realidad política y social. Valorar la moderación, la reflexión crítica y el diálogo es esencial para una sociedad más justa y equilibrada. Adiós.

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  4. Hoje você pegou pesado, heim? O engraçado é que o velhinho da imagem ficou "parecido" comigo. Mera coincidência? Mas está de boa. Como cantou o Cláudio Zoli, "cada um cada um".

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  5. O engraçado é que eu estava escrevendo um texto que, depois de ler este post, diria premonitório. Mas, devido a um comentário da Maju, optei por deixá-lo provisoriamente de lado para falar do bairro onde moro e seus músicos.
    Agora, voltei ao texto iniciado, já com algumas reflexões sobre o que você disse aqui. Ainda não o acabei, mas está ficando maior que meu limite de duas páginas em formato A4 fonte arial 12. Depois de acabar de escrever e corrigir, vou programá-lo para ser publicado à zero hora do dia 14 (como de hábito).
    Ao lê-lo talvez se arrependa de ter dito um dia que ainda tomaremos uma cerveja enquanto jogamos conversa fora. Mas não há nele nada assustador ou ofensivo, pois sou moderado. Também não precisa publicar este comentário (pois já se recusou a publicar tréplicas que escrevi e de que provavelmente não gostou). Como disse no primeiro comentário que fiz, “cada um, cada um”. Abraços.

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