Aos Que Votaram em Lula (10)

Começou cedo. Muito mais cedo do que eu imaginara. Muuiiiiiito mais cedo, mesmo.
A procissão das Madalenas arrependidas que ajudaram a reeleger o Sapo Barbudo.
A cantilena enfadonha e de falsa retratação dos jornalecos e de outros veículos de "informação" que, durante a campanha presidencial de 2022, minimizaram, omitiram e até desmentiram todos os delitos, falcatruas e descalabros perpetrados por Lula durante os quatro mandatos petistas, que contribuíram para a reconstrução da imagem imaculada da alma mais honesta do país, que, à revelia do Papa, canonizaram o Seboso de Caetés. À revelia do Papa, pero no mucho, que o milongueiro Franscisco I não se oporia a tal, vermelho que é até a alma, tão vermelho quanto o diabo.
Começou uma romaria de meas culpas disfarçada, não admitida, covarde, própria de quem já começa a tirar o cu da reta pela merda que ajudou a fazer. A ladainha irritante dos que, agora, começam a dizer que o terceiro mandato do Nine Fingers não está a tomar os rumos esperados por eles.
Como fez o jornal O Estado de São Paulo em editorial de 21/02/23, que é o motivo dessa postagem e que será reproduzido ao final dela.
E que porra de rumos, ó, vós, que votastes em Lula, pensastes que a desgovernada nau de Cabral fosse seguir?
A retomada da democracia? O caralho!
Primeiro : a democracia não há que ser retomada, uma vez que não  foi abolida no governo Bolsonaro. Nem houve tentativa de. Quando foi que, de fato, na prática, por algum decreto autoritário ou revogação de alguma lei ou dispositivo, Bolsonaro atentou contra a democracia estabelecida? Quando foi que, de fato, ali, preto no branco, Bolsonaro demoliu ou fez ruir algum pilar estrutural, alguma viga mestra  do chamado Estado Democrático de Direito? Ou mesmo uma paredezinha entre dois cômodos?
Em relação a esse falso jornalismo de hoje, que se dizia ameaçado por Bolsonaro, é bem verdade que, volta e meia, um ou outro repórter que lhe pisasse aos calos era mandado a lugares impróprios de um presidente dizer, mas nunca vi Bolsonaro pedir, por exemplo, a cassação do registro do sujeito na ABI, ou a demissão dele, ou a censura ao veículo por ele representado, ou a desmonetização de seu canal ou site, caso ele fosse um jornalista independente. 
Lula e o PT pediram, e obtiveram, uma censura à Jovem Pan. Isso, antes de "vencerem" as eleições; imaginem, então, o que ainda está por vir, agora que, ó , vós, que votastes em Lula, destes a ele uma carta branca, uma procuração em vosso nome para que ele continue seu império criminoso. A "regulamentação" dos meios de comunicação e a criação de uma guarda nacional, um gestapo particular são favas contadas.
Segundo : ainda que a democracia tivesse sido deposta por Bolsonaro, não seriam Lula e sua máfia Vermelha a lhe restituir ao trono. Pelo contrário, agradeceriam a Bolsonaro pelo favor prestado a eles. Lula, democrata? Como esse sujeito ainda consegue convencer alguém disso?
Toda essa cambada vermelha, desde os primórdios da década de 1960, tem sonhos e delírios fidelianos de instalar por aqui a chamada "ditadura do proletariado". Nas correspondências trocadas pelas diversas células terroristas à época, inexistia o vocábulo "democracia".
Lula e seus comparsas sempre foram chupadores de rola de ditadores de merda de republiquetas de bosta, sempre se espelharam no que de pior a humanidade produziu. Lula foi amigo de Fidel Castro, de Hugo Chavéz. É "compadre" de Nicolás Maduro, de Daniel Ortega et caterva. Democracia, o objetivo de um sujeito assim tão bem relacionado? Sério que, ó, vós, que votastes em Lula, ainda insistis que esse foi um dos motivos que vos levastes a teclar o 13 nas nossas impolutas e probas urnas eletrônicas?
Outros, ainda, como um primo meu, com quem, doravante, será muito difícil o restabelecimento de algum tipo de conversa, tentam justificar o seu voto em Lula dizendo que acreditavam num governo de coalizão, conciliatório, de unificação das diversas vertentes políticas segregadas por Bolsonaro, um governo plural, fraterno, até. Disse-me, esse primo meu, que votaria em Lula por achar Bolsonaro muito limitado intelectualmente. Pããããããta que o pariu!!!! E Lula é o quê, algum baluarte iluminista?
Governo de coalizão, conciliatório, sei... E o coelhinho da Páscoa e a Fada dos Dentes vão muito bem e obrigado, né?
Ainda há alguns dias, em 14 do mês corrente, Lulinha paz e amor, o próximo Dalai Lama do Tibet, disse que "bolsonaristas escondidos" devem ser expurgados do governo federal : "Nós temos que tirar bolsonarista que tá lá escondido às pencas [sic]. E a responsabilidade de tirar eles é do Rui Costa. O Rui Costa que tem que assinar as medidas para tirar aquela gente que tá infiltrada dentro do nosso governo".
Nem precisamos ser dos mais versados em História, basta-nos ter o pacote básico, para lembrarmos e, de pronto, correlacionarmos a fala acima com uma das primeiras leis promulgadas por Hitler, em 1935, ao assenhorar-se do poder, a Lei da Restauração do Serviço Público Profissional, componente das chamadas Leis de Nuremberg. Uma lei que fez uma "limpeza" no serviço público, excluindo todos os opositores políticos e judeus, deixando assim a máquina pública sob o poder absoluto da Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (partido dos trabalhadores, isso vos parece familiar?), e é lógico que os removidos eram isolados da sociedade nos campos de extermínio.
Mera e acidental coincidência? Não existem coincidências na História. Só repetições. Como a vida humana é desgraçadamente curta, sendo superada, em brevidade, apenas por nossa própria memória, esses canalhas se mantêm no poder sem precisarem de nenhuma criatividade, valendo-se das mesmas manjadas táticas, sempre e sempre.
Coalização? Conciliação? Pluralidade? O pior é que esse primo meu, assim como muito de vós que votastes em Lula, não pode nem alegar a ignorância a seu favor. É cara dos mais estudados, umas três faculdades concluídas, uns dois doutorados etc. Alegar o quê, num caso desses? Demência temporária?
Enfim, a seguir, o editorial do jornal O Estado de São Paulo, outrora merecedor do epíteto O Estadão, a condenar os ventos iniciais do Terceiro Reich de Lula. A dizer que Lula está a governar com o fígado. E, ó, vós, que votastes em Lula, esperáveis o que do notório cachaceiro, que ele governasse com o cérebro, ou com o coração, uma vez que "o amor venceu"? 
Um belo editorial, devo admitir, muito bem escrito, ponderado e tal. Se não viesse da parte de quem apoiou a reescalada de Lula, se não viesse da parte de quem apoiou a volta de um radical ao poder. Um belo editorial, devo admitir. Se, agora, já não fosse tarde demais.


"O Diretório Nacional do PT aprovou há poucos dias uma resolução eivada de ressentimentos e mentiras, cujo único objetivo parece ser reescrever a história recente do País para lavar a alma da militância depois de uma série de reveses políticos e judiciais sofridos pelo partido. 
Quem lê aquele documento sai com a nítida impressão de que o Brasil tem uma dívida praticamente impagável com os petistas, sobretudo com a sra. Dilma Rousseff e com o presidente Lula da Silva.
Ora, todos sabemos que Lula da Silva é hoje muito maior do que o PT. Ao longo de mais de quatro décadas, o lulismo se firmou como um movimento político de expressão muito mais relevante que o petismo, se é que, de fato, existe essa distinção.
É óbvio, portanto, que o teor da resolução aprovada pelo partido reflete exatamente o que sente e pensa o presidente da República hoje. E isso não é nada bom para o País.
No universo paralelo de Lula e do PT, Dilma Rousseff era a timoneira de um país que ia de vento em popa rumo ao inescapável encontro com seu futuro de paz social e prosperidade econômica até sofrer um “golpe”, em 2016, perpetrado pelas “elites”, pelos “inimigos do povo brasileiro” ou coisa que o valha. Já o partido, nessa visão mendaz da história, teria sido vítima de “falsas denúncias” de corrupção à época dos escândalos do mensalão e do petrolão.
Não é o caso, aqui, de contrapor com uma enormidade de evidências factuais as grosseiras lorotas difundidas pelo PT em sua resolução, até porque seria um trabalho inútil. 
Petistas fanáticos jamais aceitariam o fato, de resto incontestável, de que o impeachment de Dilma foi conduzido estritamente segundo a Constituição – salvo quando, em seu desfecho, preservou os direitos políticos de Dilma em vez de cassá-los, numa maracutaia típica daqueles tempos esquisitos.
Os fiéis da seita lulopetista igualmente ofendem-se quando se demonstram os inúmeros crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro cometidos pela patota.
A questão de fundo é menos a resolução do PT – que, afinal, é uma organização privada e pode defender o que bem entender – e mais o que ela representa: os humores de Lula da Silva.
Seja pelo que se depreende do texto da resolução, seja pelos discursos do próprio presidente, que se recusa a descer do palanque mesmo tendo sido eleito para governar no interesse de todos os brasileiros, este terceiro mandato presidencial do petista, o quinto do PT, parece orientado a reparar as “injustiças” que teriam sido cometidas contra o partido e alguns de seus próceres, e não a reconstruir o País e o tecido social após a tragédia que foi o governo de Jair Bolsonaro.
Ao que parece, o triunfo eleitoral de Lula da Silva na difícil eleição presidencial passada, aos olhos dos petistas, tem o condão de autorizar o presidente a privilegiar os interesses particulares do PT e a trair a aspiração maior de muitas forças políticas que o apoiaram no segundo turno da eleição de 2022: a construção de uma frente ampla pela democracia não só para derrotar Bolsonaro, mas também para governar o País.
Se os ressentimentos de Lula da Silva e a sede de vingança que parece animar as lideranças petistas são genuínos ou nada mais que tática para manter a militância mobilizada a despeito de certas decisões impopulares que o governo logo terá de tomar, pouco importa. 
O fato é que não é assim que se governa um país. Menos ainda um país que precisa tanto se reconciliar e se reunir em torno de consensos mínimos como o Brasil.
O presidente Lula da Silva precisa ser magnânimo e reconhecer a existência de um centro liberal democrático que foi fundamental para sua vitória, por entender que era ele, e não Bolsonaro, a pessoa mais indicada para governar o Brasil pelos próximos quatro anos. Voltar as costas para essas forças políticas é, na prática, aniquilar as chances de reconstrução nacional já no nascedouro.
O rancor nunca foi um bom guia. Do presidente Lula da Silva se espera a grandeza de compreender que, nesta quadra da história do País, é justamente a diversidade que deve prevalecer, não o espírito de corpo."

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11 Comentários

  1. Infelimente, concordo com tudo o que disse, mas continuo feliz por ter ajudado o Bolsonaro a não ser reeleito.

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    1. Essa conversa de que somos governados pela razão é pura balela. Somos governados pelo medo. Creio que essa vitória apertadíssima de Lula (admitindo-a honesta, embora esse adjetivo não combine com ele) tenha sido a vitória da certeza de que um terceiro mandato do Nove Dedos seria muito ruim (como já está se evidenciando como tal) contra o medo de que um segundo mandato de Bolsonaro poderia ser pior. Medo, ao meu ver, legítimo, mas infundado; na economia, que no fim é o que interessa a nós, meros mortais, o Guedes, frente a pandemia da peste chinesa e guerra da Ucrânia, segurou muito melhor o rojão que muita economia por aí lastreada no dólar e no euro. Tenho um amigo que está vivendo na Itália, a inflação por lá está muito pior que por aqui, por exemplo.
      Mas, a nós, só nos resta seguir. Esta semana que entra agora, vou marcar uma hora com um advogado trabalhista, ver se compensa acrescentar meu tempo de CLT ao de estatutário, ver se abrevio o tempo para a minha aposentadoria, mesmo que seja proporcional, ganhar menos do que já ganho.
      Semana passada, uma outra professora se afastou por depressão e Burnot; chegou a ficar uma semana internada e agora permanece em casa, sob tratamento; 52 anos, dois filhos e um netinho de 6 anos.
      Essa falta de ordem nas escolas (e na sociedade em geral), essa agressão generalizada à figura de qualquer autoridade estabelecida, garanto-lhe, Jotabê, é produto de três décadas dessa ideologia de esquerda. Não é paranoia. Não é opinião. É fato. Infelizmente, vivido e constatado todos os dias por mim.

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  2. Encontrei no site da BBC News Brasil um artigo espetacular que imagino interessar a todos que resolvem se expressar através de textos confessionais, poesias ou textos ficcionais. Achei que meus amigos blogueiros poderiam se interessar. O link é este:
    https://www.bbc.com/portuguese/articles/c4nz99zgkvdo
    Espero que gostem. Abraços.

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    1. O artigo fala de como prender o leitor desde a frase inicial. Nesse quesito, uma das mais geniais é a primeria frase de um livro do Luis Fernando Veríssimo, Os Espiões : "Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer". Como não ler o livro todo depois de uma dessa?

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  3. Se o que disse é que, de uma forma ou de outra, seremos governados por loucos varridos, eu concordo. Os dois lados são perigosos, perigosíssimos. Um dos lados, o que a "imprensa" convencionou chamar de fascista, assume isso, não nega sua nocividade, diz na cara tudo o que pensa (o que mal pensa), deixa evidente todos os seus defeitos, preconceitos etc, sabemos o que esperar dele; o outro lado, o que a "imprensa" convencionou chamar de democrático, para se manter no poder, age exatamente igual ao primeiro, mas posa de bonzinho, é dissimulado, e, por isso, para mim, é o mais perigoso deles, o que deve (deveria) mais ser evitado.

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  4. Rapaz, acho que eu não quero ter mais razão de nada...rsrsrs
    Essa é a minha percepção do mundo, não significa, nem de longe, que ela seja a correta.
    Fique tranquilo em se expressar da maneira que quiser por aqui.
    Abraço.

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  5. Rapaz, esse finalzinho tem até um tom de profecia, meio apocalíptico.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Rapaz, essa frase "governando com o fígado" me lembrou da fala de um ex-aluno. Ele trabalha em uma multinacional e viaja o país todo. Se é verdade, não sei, mas vamos ao causo. Um cunhado dele supostamente trabalha em Brasília e tem contato direto com o gabinete da presidência. Funcionário de carreira, suponho. Enfim, ele acompanhava a comitiva presidencial nas viagens e estava ansioso para conhecer o Lula. Disse que naquela viagem aos EUA tanto ele como a Canja estavam chapadões. Das boas e baratas do Azarão? Que nada, certamente Dom Pérignon pago pelos imbecis que o elegeram... E outro imbecil que vos escreve. Tenha um bom final de semana.

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    1. Dom Perignon, whiskões black e blue label, cervejas belgas, holandesas. São filhos das putas de bom gosto.
      Tenhamos um bom fim de semana.
      Abraço.

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