Equipe "Educadora" do Governo Doria Calcinha Apertada Garante : Acabou a Pandemia Chinesa no Estado de São Paulo

Do ano passado para cá, nós, os professores da rede estadual de São Paulo, fomos encurralados, colocados em quatro diferentes currais :  o das Linguagens, códigos e suas tecnologias, o das Ciências Humanas e suas tecnologias; o da Matemática e suas tecnologias e o das Ciências da Natureza e suas tecnologias.
A cada gado distinto foi reservado um dia da semana (uma manhã ou uma tarde inteiras) no qual a Equipe de Educação do Governo Doria Calcinha Apertada - pedagogos, sociólogos e outros picaretas e impostores contratados a peso de ouro (enquanto que nós, os professores, a peso de ouro de tolo) -  passa-nos "valiosas" informações e diretrizes a respeito de nossas áreas e, sobretudo, orienta-nos em estratégias de como retomarmos com segurança as aulas presenciais, já postas em prática desde 02/08/21, com as turmas separadas em dois grupos, que se revezam semanalmente. 
As transmissões da Equipe de Educação são transmitidas remotamente, através do Centro de Mídias de São Paulo, o já famigerado CMSP.
No caso do meu curral, o das ciências da natureza e suas tecnologias (seja lá que porra for essa), o tão  ansiado dia de sermos agraciados com tanta sabedoria é a quinta-feira.
Claro que eu não assisto a esta merda, a mais esta empulhação peidagógica. Não fico lá, batendo palma pra louco dançar. Eu me conecto, sim, ao CMSP nos horários devidos, para registrar a minha presença e a minha frequência frente ao Grande Irmão, mas deixo aquilo rodando no mudo e vou cuidar da vida. Se na escola, vou tomar um café, bater um papo, colocar diário de classe em dia etc. Se em casa, vou à quitanda, vou preparar o almoço.
Dou uma olhada só de vez em quando, só pra ver se a conexão não caiu. E hoje, numa dessas olhadas, eis o que vi, eis com o que eu fui abençoado (e, depois, ainda tem quem não entenda a alcunha de Azarão)  : uma preciosíssima estratégia de como conectar o aluno à disciplina Projeto de Vida, instituída também no ano passado. Uma dica imprescindível para o meu currículo e para o meu crescimento, tanto como profissional quanto como "pessoa humana".
Mas antes da tal pérola, do que trata tal disciplina?, algum de vocês poderia me perguntar. Respondo : não faço a menor ideia. Parece que professor e aluno ficam conversando e debatendo sobre seus sonhos e aspirações. 
Pois é, enquanto o chinesinho está lá, estudando matemática e mandarim por doze diárias e ininterruptas horas, o brasileirinho aqui fica devaneando em sala de aula.
O professor, além do falacioso título de "educador", atribuído-lhe na década passada, o qual abraçou de muito bom grado (eu não), agora, também está se metendo a ser um projetista de vida, um designer de destinos e de sonhos.
E conseguem imaginar qual foi  a tal da estratégia, não só proposta como também fortemente recomendada, para criar essa conexão inicial do estudante com o seu projeto de vida? Para estabelecer vínculos e fomentar a empatia e a gratidão? Simples : organizar os alunos em dupla!!! Pãããããããta que o pariu!!! 
Os professores, coordenadores e equipes de limpeza das escolas têm o maior trabalho e cuidado para manter as carteiras da sala de aula com o necessário distanciamento, e aí vem a Equipe de Ouro do Doria Calcinha Apertada e manda juntar todo mundo! Acabou a pandemia chinesa no estado de São Paulo!!!!
Meninos, eu vi!!! 
E, agora, azar o de vocês, vocês também verão. Fiz, como dizem os afrescalhados de plantão, um print da tela e abaixo reproduzo a abominação. Grifei em vermelho a recomendação da formação de duplas, mas leiam tudo, para sentirem a "dinâmica" do tal projeto de vida, para verem o que se anda fazendo (ou não fazendo) pelas salas de aula deste nosso Brasil, dantes muito mais varonil.

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10 Comentários

  1. "projeto de projeto de vida" é uma excelente atividade para a educação de SP, ou melhor, "o projeto de projeto de educação"... estou 'putaço' com as questões de pandemia vs aulas que tem acontecido, sem sentido nenhum

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  2. Eu não tenho menor pudor de copiar o que acho bacana. Se pretendo usar depois é outra história (estória?). Por isso, sempre penso que o que é comprovadamente bom em escala mundial, nacional, estadual ou municipal deveria ser adotado imediatamente, feitos apenas alguns ajustes no caso de técnicas estrangeiras. O Japão mandou super bem nesse quesito, mas vamos falar de educação. Não sou educador (nunca daria certo!), mas acho que toda invenção não testada em outros lugares tem grande chance de dar merda. Exemplo da "escola plural". Por que não pegar os programas e grades curriculares de países que estão anos-luz na nossa frente? Aí vejo alguém na TV falando desse troço a que deram o nome de Projeto de vida". Isso já funcionou ou é adotado em Singapura, por exemplo? Você estava malhando a insensatez do "fim da pandemia" e eu entrei em outra rota, mas creio que devem ter algum ponto em comum.

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    1. Não basta apenas pegar os programas e grades curriculares de países que estão a anos-luz na nossa frente, não basta botar a coisa apenas no papel, no "cumpra-se"; é preciso criar estrutura física, tecnológica e profissional para aplicá-los.
      Só para ficarmos bem ao rés do chão - que é de onde nunca sairemos -, na escola em que leciono, existem 19 salas de aula pela manhã, 19 à tarde e 15 à noite, e todas precisam ser limpas e higienizadas na troca de períodos. Sabe quantas pessoas o Estado nos enviou para essa hercúlea tarefa? Duas. Duas moças para higienizar todas as salas. Resultado : a primeira aula de cada período, assim como as duas últimas, ocorrem só no papel, pois os alunos são dispensados.
      Projetos dinamarqueses, por exemplo, para serem executados por professores formados em faculdades à distância? E um percentual significativo dos na faixa dos 25 anos já o são.
      É o mesmo que o cara comprar uma Ferrari e não ter dinheiro para construir estradas próprias para ela, para pagar o IPVA, sequer para abastecê-la com combustível.
      Acredito que em Singapura, e demais tigres asiáticos, o projeto de vida seja o que ele era na "nossa" época : ralar, se esforçar, virar gente.

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    2. Ou, como numa piada que um professor meu contou certa vez, é o cara que, em viagem de trabalho, tudo pago pela firma, achou chique e refinado o café da manhã onde lhe foi servido melão com presunto; chegando em casa, tentou replicá-lo, mas, por falta de numerário, serviu melancia com mortadela aos seus familiares.

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  3. Só vejo invenções pedagógicas em todo lugar. Práticas bobas e mirabolantes, quando era só sentar a bunda na carteira e... estudar, como já foi um dia.

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    1. Pois é... hoje a meninada está sentando a bunda muito mais que antigamente, mas não para estudar; para rebolar na rola.

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    2. Varonil? Creio que jamais o fora, nobre colega... O que dizer do país que conquistou sua independência com o ouro, e não com o ferro?

      Com o perdão da má palavra, eu que também já fui obrigado a navegar em águas peidagógicas a contragosto, vou dizer que é muita punheta e pouca foda. Vai de encontro ao que disse o Serra nessa entrevista antiga:


      https://www.dgabc.com.br/Mobile/Noticia/933893/serra-atribui-falhas-no-ensino-a-faculdades-de-pedagogia


      Já ouviu falar de avaliação por competências em substituição à nota tradicional, certo? Pois também já passei por esse sistema. Pura enganação e, no final, aluno não quer saber da dureza. Mas do duro, com certeza.

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    3. Rapaz, sempre que eu uso a expressão Brasil dantes mais varonil, ela é pura ironia e deboche. Uma vez que citou a nossa independência, o que pensar de um país cuja independência foi proclamada pelo próprio conquistador?
      Sim, competências e habilidades. Saberes e fazeres. Não só ouvi falar dessas picaretagens como ouço até hoje; elas ainda são as diretrizes e as matrizes do ensino público. Enganação pura e escancarada, meu caro!!!! Estudar que é bom, ninguém quer; mas todo mundo quer posar de coitadinho e abiscoitar uma vaga por cota na universidade.
      Abraço.

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  4. Como comentei lá no Neófito estou cursando história e já na metade da do curso posso afirmar com segurança que a historiografia brasileira tem alta qualidade. O material didático e alguns dos professores (historiadores) são realmente muito bons.
    Mas os pontos negativos do curso vem justamente dos "professores" que tem a sociologia como formação básica e que depois cursaram história buscando validar suas ideologias de merda. Aí chegamos ao fundo do poço com "artigos científicos" encharcados de Paulo Freire e K. Marx citados a cada dois parágrafos. São realmente seres desprezíveis e abjetos que me fizeram formar um conceito bem pouco lisonjeiro destes profissionais.

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    1. Eu sempre digo isso : "ciências" como as tais sociologia e pedagogia, canalhamente, associam-se a ciências sérias para tentarem se legitimar, para serem vistas como sérias e fundamentadas. Não o são. São um amontoado de asneiras e sandices. Só não digo que são o Samba do Crioulo Doido porque a música é muito boa, muito bem sacada.
      Abraço.

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