Ao ralo,
Tua última carbonizada foto.
Foi-se,
Ao vento,
Teu último carbúnculo em mim,
Teu último feto.
Falta ainda a interminável madrugada cumprir-se
Para à vida eu reembarcar.
Vou, então, ler um bom policial.
E tomar cerveja.
Tomar cerveja até as palavras migrarem das frases,
As sílabas desconjuntarem-se das palavras.
E tomar cerveja.
Até as letras divorciarem-se litigiosamente das sílabas,
Emudecerem fonemas,
Perderem toda e qualquer lógica.
E tomar cerveja.
Até a escrita esquartejar-se de toda e qualquer coerência:
Adquirindo, assim, seu verdadeiro sentido.
1 Comentários
A imagem do desmanche progressivo das palavras é uma ideia excelente e extremamente "visual". Muito bom mesmo!
ResponderExcluir