Vamos abrir nosso embornal.
De lona, de juta, de saco de farinha,
E expor nossos, lá da infância, tesouros :
Cacarecos, coleção de besouros, pedras de matar rolinhas.
Vamos abrir nosso embornal, nosso carnaval,
As portas do nosso Forte Apache,
Juntar Touro Sentado e Custer num grande luau.
Vamos meter a mão em nossa cumbuca
Em nossa sacola de xamã, em nossa tanga de pajé.
E aspergir – confetes – nossas maravilhas,
Nossos dragões de papel de arroz, nossos balões de São João.
Vamos meter a mão em nossa cumbuca,
Armar nossa arapuca,
Preparar os tantãs,
Agregar gregos e vegetarianos numa grande festa de antropofagia.
Vamos arrombar a pé-de-cabra nossa caixa de Pandora.
De alabastro, de chumbo, de vergonha
E mudar a cor da atmosfera
Com nossos pecados sacramentados,
Nossos ogros dóceis de olhos de vaga-lumes ,
Nossos vícios salutares, com nosso pudor nu em pêlo.
Vamos arrombar nossa caixa de Pandora,
Deslacrar nossa desforra,
Queimar todo nosso arsenal.
Reunir Bukowsky e Alcoólicos Anônimos
Na sobriedade de uma grande saturnal.
0 Comentários