No Reino Das Bundas Moles

Em todos os elementos da natureza, seja bicho, planta, fungo, bactéria e mesmo matéria inanimada, existe uma nítida e lógica correlação entre forma e função.
Nenhum orgão seu tem o desenho que tem à toa, a forma atual deles é produto de milhões e milhões de anos de seleção, de um burilar constante, incansável e preciso que o conduziu à forma que lhe conferisse a maior eficiência possível em sua função.
Essa correlação forma-função não é verificada apenas no macroscópico, ela se estende também ao nível celular, uma hemácia sua (glóbulo vermelho) tem em sua forma de um disco bicôncavo a eficiência ótima para ela fazer o que faz, transporte dos gases respiratórios, e não existe - nem existirá - um engenheiro projetista que seja capaz de melhorá-la, o mesmo sendo verdade para os demais tipos celulares. Essa correspondência se alonga ainda ao nível molecular, as proteínas, por exemplo, apresentam conformação tridimensional que lhes confere sua utilidade, seja ela um anticorpo, uma enzima ou um hormônio, se tomarmos uma proteína e desfizermos essa sua configuração, ela perde a função, desnatura-se.
O ser humano com sua imensa arrogância, não maior apenas que sua burrice, julga-se um elemento à parte da natureza, e pior: acima dela, não submetido às suas leis.
Ledo engano. Pode até parecer, mas a natureza dá o seu jeitinho.
A vinculação forma-função é inexorável, e se manifesta no homem e suas profissões, algumas são evidentes como é o caso dos atletas, modelos, atrizes e biscates em geral, mas outras são mais sutis, horrendamente sutis.
Sou professor e, hoje em dia, escola é um local onde pouco se trabalha, quanto mais se ascende na hierarquia, mais indolente é o sujeito. Os que ainda trabalham são os funcionários da limpeza, da secretaria e alguns professores, daí pra frente há o bloco carnavalesco dos "encostados", a saber: coordenadores, vice-diretores, diretores, supervisores e etc, essa turma é denominada em seu conjunto como Equipe Gestora.
Deveria ser Equipe Digestora, vista a quantidade de comida que engolem, mesmo em horário de serviço, e é dessa turma um dos casos mais horrendos de forma-função.
Óbvio que comendo feito uma nuvem de gafanhotos e ficando sentados em seus gabinetes sem nada fazer, a obesidade passa a ser regra, mas não é só isso, a grande adaptação dessa subespécie humana é a bunda.
Todas elas tem uma enorme bunda, gigante, de proporções paquidérmicas, gritantemente desproporcional ao restante do corpo, ainda que esse também seja imenso.
É a característica física ideal para a função, bunda grande, permite que elas fiquem sentadas por horas e horas a fio, sem cansar ou doer o bundão. Eu, por exemplo, com meu pouco estofamento, não estou apto a ocupar uma função de gestor, quinze minutos numa cadeira e minha bunda já dói.
Há casos mais extremos, até mórbidos do ponto de vista clínico, em que o Estado deveria acrescer ao salário desses gestores um auxílio-limpador-de-bunda, a exemplo dos lutadores de sumô que possuem serviçais com a função única de lhes limpar o cu que seus próprios braços não alcançam ou, no mínimo, financiar aos digníssimos a compra de um daqueles aparelhos de limpeza que esguicham água em alta pressão, o famoso WAP.
É o reino dos bundões moles.
Pãããããta que o pariu!!!!!!!!!!!

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