Cubos Imperfeitos

Essa faca em tua mão
- cujo fio faz tua salada, teu bife,
Põe manteiga no teu pão
E que agora quadricula o queijo
Que contraporá o amargo da tua cerveja -,
Já pensaste em pô-la ao peito?
Senti-la atravessando teus poucos centímetros de carne,
Tocando-te o osso abaixo e,
Com um pouco mais de força,
Rompê-lo, também,
Beijando-te o coração?

Ato simples, rápido, irreversível.
Muito mais fácil e indolor que continuares
A te arrastar por ai, pelas ruas,
Pelas pessoas, pelos teus empregos.
A morte é fácil e simples demais,
A vida é que é foda!
Desconfiamos do fácil,
A morte - dadas as suas vantagens -
Nos parece um conto do vigário:
Nosso medo da morte
É o medo de passarmos por otários.
É isso!
Só pode ser isso!
É o nosso medo do ridículo
Que mantém a lâmina afastada do nosso peito.

Bebe, então, a tua cerveja
E dê graças ao teu provolone em cubos imperfeitos.

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