O DIA DO SACI

O Saci é traquinas, levado, safado, moleque, elemental dos bambuzais, inconveniente, arruaceiro, pregador de peças, irresponsável, um leprechaun preto, um curinga mulatinho, um Macunaíma de uma perna só.
O Saci é o brasileiro.
Aldo Rebelo (PC do B - SP), em 2003, instituiu a comemoração de "O Dia do Saci", em 31 de outubro, através de um projeto de lei federal e a imprensa tentou ridicularizá-lo.
Aldo Rebelo é político e já tem meu desprezo por isso, mas o cara defende certas causas nacionais com as quais concordo, ele luta pela defesa da língua portuguesa contra estrangeirismos, por exemplo.
O Dia do Saci foi proposto em contraposição ao tal do Halloween, uma tradição estadunidense, chatíssima por sinal, já incorporada ao "folclore" brasileiro.
O Saci é muito mais honesto, muito mais representativo, encarna muito mais a índole preguiçosa do brasileiro, a "esperteza" nacional. E, devo admitir, muito mais simpático que aquela cabeça de abóbora.
O Dia do Saci deveria, inclusive, ser feriado nacional.
Deveria substituir o Dia da Consciência Negra, o Saci deveria ser herói da raça, e não a bichona do Zumbi.
Eu gosto do Saci.
Invejo o Saci ventando livre pelas matas, pelos capoeirões do Monteiro Lobato, dando um "pega" em seu cachimbinho.
É quase meia-noite agora, a lua está cheia...
E me veio uma vontade danada de pegar carona num redemoinho e sair por aí, assoviando, perturbando sonos, fazendo gorar ovos, trançando as crinas da biscataida, fazendo pipocas virarem piruás no fundo das panelas, tocando as campainhas das casas, perturbando a prima Cuca.
Feliz Dia do Saci, Saci.
Não que você se importe.

Postar um comentário

0 Comentários