Salvem O Planeta, Mas Não Encham O Meu Sacolão

O mercado onde me abasteço - mantenho meu equilíbrio hídrico, por assim dizer - embarcou também na tal "onda verde", adquiriu consciência ecológica, o mercado.
Passou a comercializar uns sacolões em lona, ou coisa parecida, com o intento de reduzir o consumo daquelas sacolas plásticas usadas para carregar as compras, e anuncia sua "preocupação ecológica" em cartazes gigantes (de matéria plástica) espalhados pelos corredores, com ilustrações de um mundo mais colorido e cheio de borboletinhas. Só ficou faltando o sol sorrindo de óculos ray-ban.
Balela. Patifaria ecológica.
Patifaria de ambos os lados.
De quem vende os tais sacolões - há descontos polpudos nos impostos das empresas que incluem a preocupação ecológica em suas pautas - e de quem os compram, o indivíduo continua jogando lixo nas ruas e passeando com seus automóveis fumadores, mas comprou o sacolão verde, então está contribuindo, então está tudo certo, junto com o sacolão o cara recebe um apaziguador de consciência.
O mesmo mercado, preocupado com o impacto ambiental causado pelas sacolas de plástico, despeja diariamente toneladas de papel nas ruas e nas portas das residências, milhares de panfletos com anúncios de suas ofertas.
E ninguém parece se dar conta dessa brutal contradição. E seguem comprando seus sacolões.
Quer reduzir verdadeiramente o uso das sacolas plásticas?
Fácil, óbvio: deixem de fornecê-las aos clientes às saídas dos caixas.
Eu não tenho nada contra as sacolinhas plásticas, nada mesmo.
Faço bom uso delas, duas por dia para recolher os excrementos das minhas duas gatinhas e mais uma para receptar meu lixo doméstico.
Lixo que, a propósito, não separo para a coleta seletiva, não reciclo, nada disso, ponho tudo num só balaio. E nem quero saber onde isso tudo será jogado.
Assumo minha natureza humana, assumo a índole predadora e parasita intrínseca à minha espécie, estamos aqui para aniquilar, ponto pacífico.
Não tenho preocupação ecológica nenhuma!
Aliás, ninguém a tem.
Eu só não finjo, eu tão-somente admito, não fico por aí comprando produtos "verdes" para aplacar sentimentos de culpa nem tentando lucrar com o remorso alheio.
Em tempo: quero que o Greenpeace, WWF, S.O.S. Mata Atlântica e assemelhados (não esquecendo do mercado onde me abasteço) vão todos às respectivas putas que os pariram.

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